Influência do serosa e da mama fantasma no controle postural do equilíbrio de mulheres pós-tratamento cirúrgico de câncer de mama

Resumo

Introdução: Os tratamentos correntes para câncer de mama, apesar de promoverem melhoras no quadro oncológico, também podem geram complicações, como a ocorrência de seromas e a presença de sensação de mama fantasma. Além disso, prejuízos funcionais, como as alterações no controle postural, são comuns nessas pacientes. Entretanto, não sabemos a influência de determinadas complicações relacionadas ao tratamento sobre o controle postural dessa população. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar a influência da presença de seroma e mama fantasma no controle postural de pacientes pós-mastectomia. Métodos: Foi realizado um estudo transversal em mulheres com seguimento mínimo de um ano de pós-operatório e que compareceram ao ambulatório de fisioterapia de um Hospital de Referência para o tratamento de câncer de mama no período do estudo. Foram coletadas em prontuário variáveis sócio-demográficas, patológicas e clínicas, incluindo o registro sobre a presença de seroma e mama fantasma. Adicionalmente as participantes realizaram um teste posturográfico, no qual deveriam se posicionar sobre uma plataforma de força com os pés afastados em uma posição confortável, com os olhos abertos e fechados. O desvio padrão e a velocidade média do deslocamento postural nas direções anterior-posterior e médio-lateral foram computados. A ANOVA de duas vias foi aplicada, assumindo alfa de 5%. Resultados: Trinta e cinco pacientes participaram do estudo. As pacientes foram alocadas de acordo com a presença de seroma (N=18) ou não (N=17); e as mesmas pacientes foram dividias em um grupo com (N=20) ou sem (N=15) mama fantasma. Houve efeito principal de condição visual para velocidade média nas 2 direções e desvio padrão médio-lateral (p<0,01), com a condição olhos fechados provocando uma significativa redução nos descritores do deslocamento postural. Foi observado efeito principal de grupo para velocidade média anterior-posterior (P=0,031), com o grupo que desenvolveu o seroma apresentando menor velocidade de deslocamento postural. Conclusão: A presença de seroma, mas não da mama fantasma está associada a alteração do controle postural em pacientes submetidas à tratamento para câncer de mama. A resposta das pacientes à condição olhos fechados pode indicar uma alteração na integração sensorial subjacente ao controle postural nessa população.