Fatores psicossociais e distúrbios do sono associados às dores musculoesqueléticas crônicas em universitários: um estudo transversal

Resumo

Introdução: O ambiente universitário está relacionado a alterações no ciclo circadiano bem como no estilo de vida dos indivíduos, o que contribui para potencialização dos fatores inerentes à dor musculoesquelética crônica. Objetivo: Analisar a associação entre fatores psicossociais, estilo de vida e distúrbios do sono às dores musculoesqueléticas crônicas. Métodos: A tese foi dividida em dois estudos com delineamento transversal e amostragem não-probabilística por convite composta por 611 universitários do interior do Ceará brasileiro. Os critérios de elegibilidade foram: ser maior de 18 anos, ambos os sexos, regularmente matriculados e que respondesse todos os questionários de forma completa. Foram utilizados os questionários: sociodemográfico (sexo, idade, estilo de vida, infecções por vírus), Mini Sleep Questionnaire (MSQ), Questionário de triagem dos aspectos psicossociais da dor musculoesquelética crônica e Diagrama de Corlett para avaliação da presença, frequência e cronicidade de dor musculoesquelética crônica. A análise dos dados resultou da média e o desvio padrão para descrever o perfil sociodemográfico, bem como para análise da associação entre as variáveis dependentes distúrbio do sono, estresse, ansiedade, depressão, infecção por Covid e Chikungunya, prática de exercício físico foi realizada análise multivariada através do modelo de regressão logística com nível de significância α < 0,05 e análise de regressão logística para associar prática de atividade física, sono, idade, uso de medicação, ansiedade, estresse, depressão com presença de dores musculoesqueléticas crônicas. Admitiu-se nível de significância α < 0,05 e potenciais fatores de confusão foram incluídos no modelo final que obtiveram um p<0,2 na análise univariada sendo utilizado o software RStudio. Resultados: Os participantes relataram presença de dor (n=430,70,3%), dor crônica (n=288,47,1%). No primeiro estudo, mostrou associação entre distúrbio do sono (OR = 1.620, IC 95% 1.093–2.402), medicação para dormir (OR = 2.498, IC 95% 1.038-6.014), depressão (OR = 1.108, IC 95% 1.038–1.182) e não-prática de atividade física (OR = 1.502, IC 95% 1.048-2.153) com dor musculoesquelética crônica, além de associação da prática de exercício e depressão para o sexo feminino e distúrbios do sono e dor musculoesquelética crônica para o sexo masculino. No segundo estudo, a análise mostrou associação entre distúrbio do sono (OR = 1.915, IC 95% 1.200-3.059), estresse (OR = 1.071, IC 95% 1.001-1.181) e dor lombar crônica. Conclusão: Achados destacam a importância de considerar fatores psicológicos, prática de atividade física e qualidade de sono ao investigar dor musculoesquelética crônica em universitários, sobretudo a dor lombar. Assim, contribuem para os profissionais da saúde orientarem abordagens baseadas em estratégias de intervenção adequadas e personalizadas, considerando principalmente as diferenças entre os sexos na prevenção e manejo da dor.