Avaliação funcional dos membros inferiores e equilíbrio de adultos com poliomielite e síndrome pós-pólio
Palavras-chave:
Controle Postural, Posição Ortostática, Poliomielite Anterior Aguda, Síndrome Pós-Poliomielite, ReabilitaçãoResumo
Introdução: A poliomielite anterior aguda (PAA) é uma das principais neuropatias, sendo a síndrome pós-poliomielite (SPP) um dos efeitos tardios da PAA. As principais manifestações clínicas da PAA/SPP – força muscular reduzida, fadiga, dor articular e muscular mais frequentemente em membros inferiores – podem estar diretamente relacionadas ao pior controle postural. Poucos estudos investigaram o controle postural em adultos com PAA/SPP. Estudos recentes em indivíduos saudáveis mostraram a relevância da coordenação interarticular na manutenção da estabilidade postural, mas a coordenação interarticular dos membros inferiores em adultos com PAA/SPP permanece desconhecida. Objetivos: Avaliar o controle postural ortostático de adultos com PAA/SPP utilizando o mapeamento cinemático da coordenação interarticular dos membros inferiores e sua associação com o perfil clínico e
funcional dos participantes. Métodos: Estudo observacional transversal controlado com 16 adultos com PAA/SPP e outros 18 participantes saudáveis compondo o grupo controle. Os participantes foram submetidos a avaliação clínica e, em seguida, foram avaliadas quanto à: força muscular utilizando a escala do Medical Research Council (MRC); estabilidade postural utilizando a escala de equilíbrio de Berg (BBS) e a Fall Efficacy Scale (FES-I); coordenação interarticular dos membros inferiores (tornozelo-joelho; tornozelo-quadril; joelho-quadril) por meio da análise cinemática com sistema optoeletrônico. Os sinais de cinemetria foram processados para visualização, localização e quantificação das regiões na base de suporte relacionadas aos modos posturais (em fase: correlação positiva; antifase: correlação negativa) de coordenação interarticular. Resultados: Adultos com PAA/SPP apresentaram sequelas motoras localizadas na sua maioria em membros inferiores, sendo fadiga e atrofia muscular os sintomas mais frequentes, além da dor, dificuldades para realizar suas atividades de vida diária, intolerância ao frio, distúrbios do sono, disfonia e/ou disfagia e dificuldades respiratórias. Em comparação ao grupo controle, os participantes apresentaram menor (todos P<0,001) força muscular (MRC: 17 ± 7 vs. 30 ± 0 pontos), menor equilíbrio (BBS: 41 ± 11 vs. 55 ± 1 pontos) e maior medo de queda (FES-I: 33 ± 12 vs. 19 ± 4 pontos). As medidas angulares mostraram que as transições entre os modos posturais ocorrem de forma abrupta e com pequenas variações em cada fase com duração também variável para todos os pares de articulações. Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) nas variáveis cinemáticas entre grupos, lados do corpo, par articular, mas somente
entre modos posturais em fase/antifase. Observou-se também associação entre a força muscular, estabilidade postural e a dificuldade em realizar atividades da vida diária, e desta com o medo de queda. Conclusão: Adultos com PAA/SPP apresentam coordenação interarticular dos membros inferiores preservada apesar das limitações funcionais de fraqueza muscular e instabilidade postural.
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