Associação entre risco de queda e velocidade de deslocamento postural em indivíduos com acidente vascular cerebral

Resumo

Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) pode gerar sequelas que influenciam negativamente o controle postural, tornando os indivíduos suscetíveis a quedas, e impactando negativamente sua qualidade de vida. A habilidade de manter a estabilidade postural tem sido avaliada através de testes clínicos, como a Escala de equilíbrio de Berg (EEB), ou por meio da posturografia, na qual a medida e o registro dos deslocamentos do centro de pressão dos pés (CP) são analisados. Dentre as diferentes variáveis estimadas pela posturografia, o perfil de velocidade do CP tem se mostrado sensível à alterações do controle postural em diferentes populações. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo investigar a relação do perfil de velocidade do CP e o desempenho no teste clínico da EEB em indivíduos pós-AVC. Métodos: Realizou-se um estudo observacional transversal, sendo a amostra (n=39) constituída por indivíduos com diagnóstico clínico de AVC há mais de seis meses. Os indivíduos foram submetidos a uma avaliação clínica, que incluía a EEB, e uma avaliação posturográfica. Durante a avaliação posturográfica os indivíduos permaneceram na posição ortostática por 60s, com os pés posicionados confortavelmente, braços relaxados e olhos fixos em um alvo à frente do avaliado. A análise incluiu parâmetros como a velocidade média nas direções anterior-posterior [VMAP] e medial-lateral [VMML]) e regiões de alta velocidade [RAV] do estatocinesiograma 3D. A análise de correlação de Spearman (rho) foi utilizada, assumindo =5%. O intervalo de confiança de 95% (IC95) dos coeficientes de correlação foram estimados. Resultados: A análise de correlação de Spearman mostra uma associação significativa e inversa entre o perfil de velocidade do CP e o desempeno na EEB: VMAP vs. EEB, rho=-0,40, p=0,003, IC95[-0,64 a -0,12]; VMML vs. EEB, rho=-0,44, p=0,001, IC95 [-0,67 a -0,15]; nRAV vs. EEB, rho=-0,34, p=0,012, IC95 [-0,59 a -0,06]. Conclusão: O perfil de velocidade do CP se associa negativamente ao desempenho em testes de estabilidade postural em indivíduos pós-AVC, indicando que, quanto maior a velocidade de deslocamento do CP, maior o prejuízo do controle postural e maior o risco de queda nessa população.