Postura e controle do balanço em adultos com anemia falciforme
Palavras-chave:
Anemia Falciforme, Balanço, Postura, Função Muscular, Qualidade de VidaResumo
Introdução: Anemia falciforme (AF) é uma doença hemolítica, hereditária e homozigótica encontrada com frequência em todo o mundo, inclusive no Brasil. É causada por uma mutação da hemoglobina, o que resulta na alteração de sua conformação levando a várias hemoglobinopatias, incluindo a AF. Essa doença é limitante, principalmente devido aos eventos de vaso-oclusão que resultam em frequentes episódios de crises álgicas e isquemia tecidual ocasionando quadros clínicos e sintomatologias diversos. O interesse nas avaliações da doença cerebrovascular e do envolvimento osteomioarticular na AF é crescente; contudo, até o momento não existem estudos que tenham avaliado o controle do balanço e a postura nesta população. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o controle do balanço em adultos com AF e, secundariamente, investigar as associações do balanço com a postura, a função muscular e a qualidade de vida nesses indivíduos. Métodos: Este foi um estudo transversal no qual foram avaliados 15 indivíduos com AF em tratamento ambulatorial e 18 indivíduos controles saudáveis, que foram pareados por idade, gênero, peso, altura e índice de massa corporal. Foram realizadas as avaliações de equilíbrio postural através da estabilometria e postura por meio do software de avaliação postural (SAPO). Além do disso, foram feitas as medidas de força muscular através do handgrip e das pressões respiratórias máximas e, ainda, a avaliação de qualidade de vida através do questionário Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36). Em relação aos controles, os adultos com AF apresentaram maior deslocamento do centro de pressão em ambos os ensaios avaliados, sendo esse deslocamento mais acentuado na direção médio-lateral, quando o feedback visual foi removido e naqueles com história de acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório. Em relação aos controles, os adultos com AF mostraram maiores desvios posturais para as seguintes variáveis: ângulo direito e esquerdo do quadril; ângulo direito e esquerdo do pé-retropé; e alinhamento horizontal da pelve. Resultados: Houve correlação positiva e significativa entre a força da apreensão da mão, o desvio padrão médio-lateral e a oscilação médio-lateral. As correlações significantes entre balanço e postura só foram observadas entre as variáveis do balanço e os parâmetros posturais que envolveram as angulações calculadas a partir do alinhamento vertical da pélvis, quadril e tornozelo. Conclusão: Em adultos com AF, há dano no balanço estático, especialmente na direção médio-lateral e na presença de doença cerebrovascular prévia documentada. Esses pacientes apresentam desvios posturais por alterações das articulações do quadril e tornozelo. Além do mais, o controle postural está relacionado com a postura e a função muscular. Com os resultados dessa pesquisa, pode-se direcionar o desenvolvimento para novas estratégias de tratamento dos pacientes com AF.
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