Associação da função muscular periférica com função pulmonar, qualidade de vida e níveis séricos de vitamina d em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

Resumo

Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade comum, que se caracteriza pela limitação ao fluxo aéreo e se manifesta inicialmente através de dispneia, tosse e produção de secreção. Está entre as principais causas de mortalidade e morbidade no âmbito global e representa um alto impacto econômico e social que tende a crescer. Historicamente, sempre houve maior prevalência da DPOC entre os homens; entretanto, nas duas últimas décadas, o número de mulheres com DPOC tem sido maior na maioria dos grupos etários. Os estágios da doença são definidos através de índices espirométricos, associados à avaliação dos sintomas ou presença de dispneia e ao risco de exacerbações. Efeitos sistêmicos ocorrem a partir do agravamento da doença, como disfunção muscular respiratória e periférica, alterações nutricionais, ansiedade e depressão, que geralmente estão associadas a outras comorbidades, causam um decréscimo na qualidade de vida (QV) e, consequentemente, elevam a taxa de mortalidade. O estudo da relação entre a função muscular periférica medida através da dinamometria isocinética do joelho de homens e mulheres, juntamente com a força de preensão palmar, mensurações de QV e níveis séricos de vitamina D é de interesse para o campo das Ciências da Reabilitação, uma vez que pode direcionar o desenvolvimento de novas estratégias empregadas no tratamento desses pacientes. Objetivo: Avaliar a força e resistência do quadríceps e isquiotibiais de acordo com o gênero e verificar a associação da função muscular de membros inferiores com qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), função pulmonar e níveis de 25-hidroxivitamina D3 (25(OH)D3) em pacientes com DPOC. Métodos: Neste estudo transversal foram incluídos 42 pacientes com DPOC (21 homens e 21 mulheres) e 42 controles saudáveis. A QVRS foi avaliada pelo COPD Assessment Test (CAT), 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36) e Saint George's Respiratory Questionnaire (SGRQ). Todos os pacientes realizaram os testes de função pulmonar e a dosagem sérica de 25(OH)D3. A função muscular foi avaliada por meio da força de preensão palmar e da dinamometria isocinética do joelho. Resultados: A maioria dos parâmetros isocinéticos mostrou diferenças entre homens e mulheres e seus respectivos controles, e as maiores diferenças foram observadas entre mulheres com DPOC e seus respectivos controles saudáveis. As correlações mais fortes ocorreram entre os parâmetros isocinéticos com SF36 - physical component summary (PCS), SGRQ e função pulmonar, especialmente na velocidade angular de 240º/s. Nessa velocidade, a relação agonista/antagonista correlacionou-se positivamente com SF36 PCS (r = 0,65), 25(OH)D3 (r = 0,76) e volume expiratório forçado no 1o segundo (VEF1) (r = 0,65), e negativamente com CAT (r = -0,53) e SGRQ (r = -0,64), todas com P < 0,001. Conclusão: Pacientes com DPOC têm uma diminuição da força e resistência musculares, sendo mais evidente nas mulheres. As relações entre função muscular, função pulmonar, QVRS e 25(OH)D3 são mais marcantes quando a resistência e a relação isquiotibiais/quadríceps são testados.