Função muscular respiratória e periférica em portadores de anemia falciforme
Palavras-chave:
Anemia Falciforme, Dinamometria Isocinética, Disfunção Muscular, Força Muscular Respiratória, Força Muscular PeriféricaResumo
Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma doença crônica e sistêmica, sendo um problema de saúde pública em várias partes do mundo. Pode causar um grande impacto social devido a sua crescente progressão, principalmente no Brasil onde a grande miscigenação produziu aumento nas taxas de incidência e prevalência da doença. Pertence ao grupo das doenças falciformes que engloba uma diversidade de afecções que causam disfunção na hemoglobina e alterações na sua síntese ou estrutura produzindo, assim, oclusão na microcirculação e sintomatologia diversa. Na AF, efeitos sistêmicos ocorrem a partir do agravamento da doença, como disfunção muscular respiratória e periférica, crises álgicas e enfartamento ou necrose em vários tecidos, órgãos e sistemas, causando um decréscimo na qualidade de vida (QV) e expectativa de vida desses indivíduos. Nestes pacientes, o interesse na avaliação da função muscular respiratória e periférica e nas mensurações de QV está aumentando progressivamente, uma vez que pode direcionar o desenvolvimento de novas estratégias para o seu tratamento. Objetivos: Avaliar a função muscular respiratória e periférica em adultos com AF, assim como estudar as correlações entre função muscular respiratória, função muscular periférica e QV desses indivíduos. Métodos: Neste estudo transversal, foram incluídos 22 indivíduos com AF em tratamento ambulatorial e 22 voluntários saudáveis pareados que constituíram o grupo controle. Todos os participantes realizaram os testes de força muscular e endurance de quadríceps e isquiotibiais através do dinamômetro isocinético, teste de preensão palmar através do hand grip e medida de força muscular respiratória. Além do mais, eles responderam aos seguintes questionários: Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36, avaliado separadamente em relação ao Sumario do Componente Físico-SCF e ao Sumário do Componente Mental-SCM) e Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Resultados: Em relação aos controles saudáveis, os adultos com AF mostraram menores valores no SF-36, força muscular respiratória e hand grip, mas não no IPAQ. Em relação ao teste isocinético, os adultos com AF mostraram menores valores, principalmente nas variáveis medidas em flexão e na velocidade angular de 240º/s. Houve correlação significante entre o pico torque (PT) a 240°/s e o SF-36-SCF, tanto em extensão (r = 0,77; p < 0,001) quanto em flexão (r = 0,82; p < 0,001). Também foi observada uma correlação significante entre a relação agonista/antagonista (PT dos isquiotibiais dividido pelo PT do quadríceps) a 240°/s e o SF-36-PCS (r = 0,50; p < 0,001). Além do mais, o uso de hidroxiureia impactou positivamente em maiores valores de PT. Conclusão: Adultos com AF apresentam disfunção muscular, especialmente no endurance da musculatura flexora do joelho. Nesses pacientes, há forte relação da função muscular com a QV, sobretudo quando há um desequilíbrio entre as musculaturas do quadríceps e do isquiotibiais. Além do mais, o uso de hidroxiureia impacta positivamente em uma melhor performance da musculatura periférica desses indivíduos.
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