Função muscular periférica e função pulmonar em pacientes com esclerose sistêmica
Palavras-chave:
Esclerose Sistêmica, Força Muscular, Dinamômetro Isocinético, ReabilitaçãoResumo
Introdução: Esclerose sistêmica (ES), também conhecida como esclerodermia, é uma doença reumática, crônica, de caráter autoimune, que tem como característica a fibrose e disfunção vascular que levam a lesões escleróticas da pele e órgãos internos. Dentre eles, o pulmão é o principal responsável pela mortalidade em portadores de ES. As manifestações pulmonares são variadas, porém as principais alterações pulmonares são a hipertensão da artéria pulmonar e a fibrose pulmonar, ambas causadas pela proliferação desordenada de fibroblastos, juntamente com a excessiva liberação de colágeno. As alterações musculoesqueléticas também são muito comuns no curso da ES. O envolvimento muscular pode se apresentar na forma de miosite ou miopatia inflamatória ou não inflamatória, tendo uma manifestação variada de fraqueza muscular, atrofia e elevação da enzima creatina-fosfoquinase. Objetivos: Avaliar as funções musculares periférica e pulmonar em pacientes com ES. Como objetivos específicos, determinar a força e resistência muscular periférica, mensurar a função pulmonar nesses indivíduos, avaliar a função física e os níveis de fadiga geral em pacientes com ES e correlacionar a função muscular periférica com os níveis de função física, fadiga geral e função pulmonar nessa população. Métodos: Foram incluídos 26 pacientes do gênero feminino com diagnóstico de ES segundo os critérios da American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism, com idade ≥18 anos. Essas pacientes realizaram testes de função pulmonar, medida de força muscular de quadríceps e isquiotibiais através do dinamômetro isocinético, bem como teste de preensão manual através do handgrip. Posteriormente, foram respondidos os seguintes questionários: Fatigue Impact Scale (FIS), Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Fatigue (FACIT-F) e Health Assessment Questionnaire Disability Index (HAQ-DI). Também foi recrutado um grupo controle que foi pareado pelas variáveis antropométricas e nível de atividade física e que não apresentava qualquer evidência de distúrbio músculo-esquelético. Resultados: Em relação aos controles, as mulheres com ES apresentaram reduções significantes para quase todos os parâmetros isocinéticos nas duas velocidades angulares testadas. Uma razão agonista/antagonista com valores <40% foi observada em cerca de um terço dos pacientes. Em relação aos controles, essas pacientes apresentaram também menores valores para o handgrip e FACIT-F e maiores valores para o FIS. Uma pontuação para o HAQ-DI ≥1,0 foi observada em metade da amostra estudada. Correlações significantes foram observadas entre os parâmetros isocinéticos e os valores medidos para handgrip, HAQ-DI, força muscular respiratória, e razão entre capacidade vital forçada/capacidade de difusão do monóxido de carbono. Entretanto, nenhuma correlação significante foi observada entre os parâmetros isocinéticos e as escalas de fadiga geral. Conclusão: Pacientes com ES possuem reduzida força e endurance, além de um desequilíbrio muscular entre quadríceps e isquiotibiais. Nesses pacientes, quanto menor a força muscular da articulação do joelho, menor é a força de preensão manual, a função pulmonar e a capacidade física.
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