Avaliação da capacidade funcional pré-operatória e papel da estimulação elétrica nervosa transcutânea no pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Autores

  • Cesar Antonio Luchesa Autor

Palavras-chave:

Obesidade, Capacidade Funcional, Cirurgia Bariátrica, Eletroanalgesia, Espirometria

Resumo

Introdução: As mudanças no hábito de vida, a alimentação rica em carboidratos e a diminuição da atividade física são partes do contexto que levaram a uma pandemia de obesidade. Indivíduos obesos apresentam redução da força muscular esquelética, sobrecarga articular, menor capacidade cardiopulmonar, alto gasto energético e redução da tolerância ao esforço. Tais alterações resultam em ineficiência do ato de andar, que é a modalidade mais acessível para o controle de peso. Trata-la é uma tarefa que requer atendimento multidisciplinar, porém em muitos casos a terapêutica convencional não surte efeito, sendo necessária a intervenção cirúrgica. Esta, por sua vez, não é isenta de riscos e causa importantes alterações na função pulmonar e na capacidade funcional. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional desta população no pré-operatório e associar a medida da função pulmonar e dados epidemiológicos na equação da distância percorrida prevista, além de verificar o efeito da eletroanalgesia através da eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS) convencional sobre a função pulmonar no pós-operatório de cirurgia bariátrica. Métodos: Este trabalho foi desenvolvido em dois momentos distintos. No primeiro momento 367 obesos foram incluídos nesta pesquisa. 104 homens e 263 mulheres foram avaliados em uma clínica escola na cidade de Cascavel/Paraná e realizado a avaliação da capacidade funcional através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6’), espirometria e força muscular respiratória. No segundo momento, foi realizado um ensaio clínico controlado e cego em 66 sujeitos submetidos à cirurgia bariátrica. Os participantes foram randomizados em dois grupos, conforme segue: grupo intervenção tratado com TENS (n = 33) e grupo placebo (n = 33). Os participantes foram submetidos a 4 sessões de TENS e foi verificado o efeito na dor usando a escala analógica visual para dor, função pulmonar medida pela espirometria e dados hemodinâmicos. Resultados: A distância percorrida no TC6’ (DTC6’) para homens se correlacionou com idade (r = -0,388, P = 0,0005), peso (r = -0,365, P = 0,0007), altura (r = 0,285, P = 0,022), índice de massa corporal-IMC (r = -0,543, P <0,0001), capacidade vital forçada-CVF) (r = 0,472, P <0,0001), pico de fluxo expiratório-PFE (r = 0,253, P = 0,031) e pressão inspiratória máxima-PImáx (r = 0,313, P = 0,017). Na análise de regressão múltipla, IMC, CVF e idade foram as únicas variáveis que previram de forma independente a DTC6’ e explicaram 40% de sua variabilidade. A equação de referência proposta para homens brasileiros obesos foi DTC6 (m) = 570,5 - (3,984 × IMCkg/m2) + (1,093 × CVF%previsto) - (0,836 × Idadeanos). A DTC6’ para mulheres apresentou correlações com estatura (r = 0,319), idade (r = -0,281), peso (r = -0,370), IMC (r = -0,561), CVF (r = 0,443), PFE (r = 0,278), PImáx (r = 0,326) e pressão expiratória máxima (r = 0,259), todas com P<0,0001. Na análise de regressão múltipla, IMC, CVF, idade e PImáx foram as variáveis preditivas independentes para DTC6, explicando 65% de sua variabilidade. A equação de referência proposta para mulheres brasileiras obesas foi: DTC6 (m) = 513,6 - (4,439 × IMCkg/m2) + (1,136 × CVF%previsto) - (1,048 × Idadeanos) + (0,544 × PImáx%previsto). A avaliação da dor e função pulmonar nos pacientes submetidos a eletroanalgesia no pós-operatório apresentou os seguintes resultados: a média de idade dos grupos intervenção e placebo foram de 36,2 ± 8,5 e 41,3 ± 11,2 anos, respectivamente, enquanto o IMC dos grupos intervenção e placebo foram de 43,5 ± 4,9 e 43,3 ± 6,4 kg/m2, respectivamente. Após a aplicação da TENS, houve redução no nível de dor no grupo intervenção quando comparado ao grupo placebo (P = 0,001). Houve manutenção da PImáx no grupo intervenção e redução no grupo placebo quando comparados os períodos pré e pós-operatórios [delta absoluto de 0 (-29–5) vs. -5,5 (-46–0), P = 0,03)]. O grupo placebo apresentou aumento da frequência respiratória durante a aplicação da eletroanalgesia quando comparado ao grupo intervenção [delta absoluto de 2 (-1–2) vs. 0 (-2–2), P = 0,003)]. Conclusão: A inclusão da função pulmonar e dados demográficos em uma equação de referência para DTC6 resulta em uma melhor previsão da distância percorrida nesta população. Quanto a avaliação do efeito da eletroanalgesia, encontramos que ela reduz a dor nos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Além do mais, há importante manutenção da PImáx nesses pacientes entre os períodos pré- e pós-operatório. Entretanto, a eletroanalgesia não reflete na melhora dos parâmetros espirométricos.

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Publicado

2025-07-08

Como Citar

Avaliação da capacidade funcional pré-operatória e papel da estimulação elétrica nervosa transcutânea no pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. (2025). Sistema De Submissão De Trabalhos De Conclusão De Curso, 12(2), 114. https://sstcc.unisuam.edu.br/index.php/ppgcr/article/view/279

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