Efeitos da simulação mental de diferentes movimentos sobre o controle postural

Resumo

Introdução: A imagética motora (IM) é o ato de reproduzir mentalmente uma ação, sem executá-la de fato. A IM pode induzir a uma modulação nas oscilações corporais durante a manutenção da postura ortostática. Entretanto, nenhum trabalho investigou se existe uma especificidade nas mudanças das oscilações posturais durante a IM dependendo da tarefa simulada mentalmente. Objetivo: Investigar se a modulação do controle postural pela IM depende das características do movimento imaginado. Métodos: Os participantes (n=23) foram posicionados de pé sobre uma plataforma de força, sendo instruídos a executar e imaginar, durante 45 segundos, as seguintes tarefas sobre a plataforma de força: (1) realizar um alcance lateral (AL) com o membro superior direito; (2) realizar o movimento de flexão plantar (FP) bilateral e (3) realizar um alcance frontal (AF) com o membro superior direito. Como condição controle, os voluntários foram instruídos a permanecer de pé, com os olhos fechados (OF). Após cada tarefa foram coletados os relatos sobre a vividez da sensação imaginada, o medo de queda e o número de movimentos executados e imaginados. Durante as tarefas de IM, foram analisadas as medidas de deslocamento do centro de pressão dos pés (DP, desvio-padrão; e VM, velocidade média) e da amplitude da atividade eletromiográfica (EMG) de músculos envolvidos com as tarefas executadas (deltóide médio, gastrocnêmio lateral e deltóide anterior). A análise estatística de cada parâmetro foi realizada empregando uma ANOVA de um fator (tarefas) para medidas repetidas, seguida do pós-teste de Bonferroni. Resultados: A IM de FP apresentou maior DP no eixo ântero-posterior (AP) comparado com as condições de OF (p=0,01) e IM de AL (p=0,04). A VM no eixo AP foi maior em todas as tarefas de IM, comparada com a condição de OF (p<0,001). Além disso, houve diferença entre a IM de FP e a IM de AL (p=0,02). O DP no eixo médio-lateral (ML) apresentou diferença significativa entre a IM de AL comparado a condição de OF (p=0,02). A VM no eixo ML foi maior em todas as tarefas de IM, comparadas com a condição de OF (p<0,001), e entre as tarefas de IM de AF e AL (p=0,03). Não houve diferença na vividez da IM e no medo de queda entre as tarefas, indicando que as modulação posturais não foram induzidas por essas variáveis. Adicionalmente, não houve diferença no número de repetições entre a execução e a IM de cada tarefa (teste de Wilcoxon p>0,05), indicando que a IM foi realizada adequadamente. Finalmente, não houve diferença na amplitude da EMG de nenhum dos músculos avaliados durante a IM, indicando que não houve contração muscular adicional durante a simulação. Conclusão: A IM modula o controle postural dependendo das características da tarefa imaginada.