Relação entre crenças inadequadas e fatores psicossociais com a dor e funcionalidade de pacientes com dor lombar
Palavras-chave:
Dor Lombar, Dor Crônica, Fatores Psicossociais, Incapacidade, Estudo Observacional, Crenças InadequadasResumo
Introdução: A dor lombar é a maior causa de anos vividos com incapacidade no mundo, o que torna necessário um maior entendimento dos fatores associados com a dor lombar. Fatores psicossociais têm sido considerados como fatores de desenvolvimento, agravamento e cronificação da dor lombar. Por outro lado, estudos recentes têm evidenciado a influência das crenças inadequadas nos pacientes com dor lombar. Apesar disso, existe uma carência no conhecimento sobre a relação das crenças inadequadas e dos fatores psicossociais com a dor e funcionalidade de pacientes com dor lombar, sobretudo em pacientes com diferentes classificações de dor lombar. Objetivo: Avaliar a relação entre os fatores psicossociais e as crenças inadequadas com a intensidade de dor e funcionalidade de pacientes com dor lombar e comparar características sociodemográficas, clínicas, de estilo de vida, fatores psicossociais e crenças inadequadas entre os diferentes tipos de dor lombar (dor lombar localizada, dor lombar irradiada, dor lombar crônica espalhada). Métodos: Foi realizado um estudo transversal analítico em 472 pacientes com dor lombar não-específica recrutados em ambulatórios de Fisioterapia e convidados por anúncios na comunidade. Os pacientes preencheram um questionário autoreferido incluindo características sociodemográficas, clínicas, características da dor, funcionalidade, fatores psicossociais e crenças inadequadas (negativas e positivas). Os participantes foram classificados em três subgrupos (dor lombar
localizada, dor lombar irradiada e dor lombar crônica espalhada). Foram elaborados dois modelos multivariados com as variáveis dor e incapacidade (variáveis dependentes) e os fatores psicossociais e crenças inadequadas (variáveis independentes), além da comparação das características dos subgrupos. Resultados: Cinesiofobia [Exp B (IC 95%)] [dor: 4,92 (2,24; 10,78); função: 2,59 (1,13; 5,92)], catastrofização [dor: 2,23 (1,38; 3,59); função: 2,64 (1,77; 3,95)] e crença inadequada em relação à necessidade de repouso [dor: 2,23 (1,17; 4,25); função: 1,69 (1,06; 2,70)] estiveram associados a maiores níveis de intensidade de dor e de limitação funcional. Participantes com crença inadequada sobre retorno ao trabalho [dor: 1,65 (1,01; 2,71)] apresentaram maiores chances de referir dor severa. Além disso, participantes com isolamento social [função: 1,94 (1,28; 2,94)] e mudança forçada de moradia [função: 1,82
(1,03; 3,22)] evidenciaram maior probabilidade de apresentar elevados níveis de limitação funcional. A comparação dos subgrupos, pacientes com dor lombar crônica espalhada apresentam diferenças sociodemográficas e clínicas comparadas aos demais subgrupos, como por exemplo, maior número de comorbidades (dor lombar crônica espalhada: 2,34±1,90; dor lombar localizada: 1,08±1,24; dor lombar irradiada: 1,51±1,39; p=0,001). Pacientes com dor localizada apresentaram menor intensidade de dor (dor lombar localizada: 4,18±2,19; dor lombar irradiada: 5,40±2,55; dor lombar crônica espalhada: 5,34±2,56; p<0,001), além de
menor comprometimento da funcionalidade e menor interferência da dor nas atividades diárias quando comparados aos demais grupos. Pacientes com dor lombar crônica espalhada e dor lombar irradiada apresentaram maior prevalência de fatores psicossociais e crenças inadequadas do que o grupo de dor localizada, com predomínio de alguns domínios no grupo de dor lombar crônica espalhada. Conclusão: Cinesiofobia, catastrofização, isolamento social, mudança forçada de moradia, crença inadequada em relação à necessidade de repouso e retorno ao trabalho foram identificados como fatores relacionados com uma maior intensidade de dor e maior comprometimento da funcionalidade em pacientes com dor lombar não específica. Além disso, pacientes com diferentes tipos de dor lombar apresentaram distintos fenótipos.
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