Avaliação das propriedades de otimização do deslocamento postural em pessoas com comprometimento motor pós-avc: um estudo observacional transversal.

Resumo

Introdução: A alteração do controle postural, comumente avaliada pela posturografia, é uma característica comum em pessoas com comprometimentos pós-AVC, estando associada a problemas em ficar de pé e maior risco de queda. Recentemente, um novo método para a identificação de características de otimização da estabilidade postural foi desenvolvido para a investigação dos processos de controle postural em jovens saudáveis. Objetivo: O principal objetivo do nosso estudo é investigar se, e como, tais
propriedades de otimização da estabilidade postural durante a postura ortostática são afetadas em pessoas pós-AVC. Métodos: Participaram do estudo 29 pessoas pós-AVC (idade entre 34-86 anos [mín.-máx.]), juntamente com 15 controles saudáveis (48-70 anos). Com base em sua distribuição de peso corporal (DPC), as pessoas pós-AVC foram alocadas em um grupo assimétrico (DPC≥10%, N=13) ou simétrico (DPC<10%, N=16). Além disso, as pessoas pós-AVC foram alocadas em um grupo com alto (N=10) ou baixo risco de quedas (N=19), baseado nos escores obtidos na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB; escores ≤45 como critério para alto risco). Os participantes foram solicitados a ficar de pé sobre uma plataforma de força, com os pés confortavelmente posicionados e olhos abertos. As coordenadas do centro de pressão foram adquiridas em um único ensaio com duração de 60 segundos, sendo
transformadas em distâncias radiais (DR) para posterior análise. Um índice de variabilidade da posição e velocidade da DR e as propriedades de otimização foram calculados. Resumidamente, assumindo os valores mínimos da DR como a função custo do sistema, variáveis de desempenho geral, local e global foram calculadas para descrever os processos de otimização relacionados a tarefa postural. Uma ANOVA foi utilizada para comparação entre controles e grupos pós-AVC, enquanto o teste de Welch foi aplicado para comparação entre grupos de alto e baixo risco de quedas. A associação entre os escores da EEB e as variáveis de otimização foram verificadas através da análise do coeficiente de correlação de Pearson. O limite estatístico estabelecido foi de 5%. Resultados: Como resultado principal, observamos uma diferença entre grupos para taxa de convergência média para os valores mínimos (valor gama, P=0,030, h2=0,157); o pós-teste revelou uma diferença significativa entre o grupo controle versus grupo pós-AVC assimétrico (P=0,042). Além disso, associações positivas moderadas e significativas foram encontradas entre os escores da EEB e a média dos valores mínimos esperados (mínimo local; r=0,424, P=0,022) e o menor valor observado (mínimo global, r=0,378, P=0,043). Esse resultado foi corroborado pelo teste de Welch, que mostrou diferenças entre grupo de alto e baixo risco para as mesmas variáveis (P<0,043). Conclusão: As propriedades de otimização que refletem o controle da estabilidade postural durante a postura ortostática estão alteradas em pessoas pós-AVC com DPC assimétrica, sendo inversamente proporcional ao risco de quedas nessa população.