Capacidade para o trabalho e fatores sociodemográficos e de organização do trabalho em motoristas profissionais
Palavras-chave:
Saúde do Trabalhador, Motoristas Profissionais, Capacidade para o Trabalho, Índice de Capacidade para o Trabalho, ErgonomiaResumo
Introdução: O estudo da capacidade para o trabalho (CT) em motoristas profissionais é uma preocupação mundial onde as características do trabalho, falta de atividade física e problemas ergonômicos têm sido associados a problemas de saúde do trabalhador. Objetivo: Esta tese investigou a CT e seus fatores sociodemográficos e de organização do trabalho associados em motoristas profissionais. Métodos: Inicialmente, foi realizada uma revisão sistemática sobre capacidade de trabalho em motoristas profissionais. Em seguida, foi realizado um estudo transversal, por meio da aplicação de questionários para avaliação sociodemográfica e organização do trabalho, capacidade para o trabalho (Índice de Capacidade para o Trabalho - ICT), estresse relacionado ao trabalho (Escala de Estresse no Trabalho) e nível de atividade física (questionário de Baecke) dos motoristas profissionais, em Curitiba/PR. O terceiro estudo, longitudinal, acompanhando os participantes da pesquisa transversal após 6 e 12 meses a fim de, através de questionário, levantar dados sobre afastamento do trabalhador por acidente ou doença ocupacional. Os dados foram apresentados por estatística descritiva e ainda, os dados do estudo transversal tratados por regressão logística ordinal e do estudo longitudinal por regressão linear multivariável. Resultados: A revisão de escopo apontou 18 estudos em diferentes
categorias de transporte ao redor do mundo. As características de organização do trabalho, falta de atividade física, comorbidades, fatores psicossociais e ergonômicos foram associados a sintomas osteomusculares e estresse em motoristas profissionais. A pesquisa transversal (n=449) identificou que os fatores de estilo de vida explicaram melhor a variabilidade do ICT (R2 = 0,029, P < 0,001). O ICT foi inversamente associado ao estresse (b = -0.020, 95%CI -0.028 to -0.011, <0.001) e atividade física ocupacional (b = -0.425, 95%CI -0.772 to -0.079, p = 0.016), mas diretamente associado às atividades de lazer e locomoção (b = 0.441, 95%CI 0.176 to 0.708, p < 0.001) e exercício físico no lazer (b = 0.279, 95%CI 0.047 to 0.513, p = 0.019). Por fim, a pesquisa longitudinal aos 6 meses (n = 352) e aos 12 meses (n = 270), apontou que o ICT foi inversamente associado ao absenteísmo por saúde ocupacional aos 6 meses (b=-0.096 95%CI -0.187 to -0.006, P=0.037), assim como foi inversamente associado ao absenteísmo por acidentes de trabalho aos 12 meses (b=-0.189 95%CI -0.331 to -0.047, P=0.009. Discussão: Este é o primeiro estudo longitudinal sobre motoristas profissionais no Brasil que incluiu uma ampla gama de características pessoais e profissionais. Os dados encontrados sustentam a hipótese de que fatores de estilo de vida explicam melhor a CT, em comparação com fatores sociodemográficos e ergonômicos. Nossos achados corroboraram a literatura sobre a relação inversa entre CT e estresse em motoristas profissionais no Brasil. Conclusão: Apesar da escassez de pesquisas longitudinais sobre CT em motorista profissionais, é consenso que o tema requer atenção, pois pode estar relacionado a fatores físicos, mentais e sociais. O nível de atividade física ocupacional e estresse foram associados negativamente ao ICT enquanto a atividade física de lazer e locomoção positivamente. Nesta pesquisa pode-se observar o ICT como um preditor de saúde ocupacional, porém, permanece um vasto campo de pesquisa a ser explorado para cada modalidade de transporte.
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