Prevalência e fatores associados das disfunções musculoesqueléticas relacionadas à performance musical em violinistas
Palavras-chave:
Disfunção Musculoesquelética, Violinistas, Doenças Ocupacionais, PrevalênciaResumo
Introdução: A música é capaz de transmitir diversas emoções associadas ao lazer e bem-estar. No entanto, tais aspectos prazerosos podem omitir os riscos ocupacionais aos quais o musicista está exposto durante seu fazer musical. A carreira de músico instrumental profissional exige grande produtividade, demonstrada através de uma complexa combinação de habilidades. Além disso, são submetidos a 1300 horas anuais de prática musical extenuante em instrumentos não ergonômicos. Tais características tornam o musicista um trabalhador com risco elevado para o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas, especialmente os violinistas. Objetivo: Este estudo investigou a prevalência e os fatores associados das disfunções musculoesquelética relacionadas à performance musical (DMRPM) em musicistas residentes e atuantes no Estado do Rio de Janeiro. Métodos: Este trabalho foi composto por uma revisão sistemática e um estudo transversal. A revisão sistemática buscou avaliar a qualidade metodológica dos estudos transversais acerca da prevalência de DMRPM em instrumentistas de corda friccionada. Para isso, utilizou-se como ferramenta a Escala de Loney. Já o estudo transversal foi composto por uma amostra de 106 violinistas oriundos de oito cidades do Estado do Rio de Janeiro. Foram coletados dados a respeito das características sociodemográficas e musicais, sintomatologia dolorosa e funcionalidade dos membros superiores através do DASH e do Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos. As associações entre os acometimentos musculoesqueléticos e os possíveis preditores foram analisadas por meio de regressão logística binária. Resultados: Revisão sistemática evidenciou que a prevalência de DMRPM em instrumentistas de corda fricciona é elevada, variando de 64,1% a 90%. Contudo, apenas oito dos 34 artigos selecionados para avaliação da qualidade metodológica atingiram níveis satisfatórios de qualidade. O estudo transversal mostrou que 86,8% dos violinistas entrevistados referiram ao menos uma região dolorosa nos últimos 12 meses e 77,4% na última semana. Estes sintomas foram responsáveis pela interrupção momentânea da atividade musical em 8,1% dos musicistas. Mais de 50% dos violinistas apresentavam disfunção nos membros superiores de acordo com o módulo opcional do DASH. As mulheres mostraram-se mais propensas a desenvolveram disfunções musculoesqueléticas (OR 4,4; IC 1,9 – 10,0; p<0,001). Além disso, músicos mais velhos apresentaram mais chances de referirem dor nos últimos sete dias (OR 3,3; IC 1,05 – 10,97; p=0,04) e também obtiveram pontuação maior no DASH (OR 1,8; IC 1,1 – 3,1; p=0.,1). Outros fatores associados encontrados foram IMC, tempo de estudo musical por semana e o escore do DASH. Conclusão: Os violinistas fluminenses apresentam uma alta prevalência de DRMPM, principalmente as mulheres e os músicos mais velhos. Como consequência, estes profissionais foram obrigados a interromperem temporariamente sua atividade artística devido à dor. Embora este acometimento ser observado em orquestras de todo o mundo, a área da saúde do músico ainda carece de estudos com boa qualidade metodológica.
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