Funcionalidade e qualidade de vida no seguimento de pacientes com síndrome pós-covid-19

Autores

  • João Eduardo de Azevedo Vieira Autor

Palavras-chave:

COVID-19, Reabilitação, Fisioterapia, Síndrome Pós-COVID-19

Resumo

Introdução: No final de 2019, uma evolução distinta de casos de pneumonia na China causada pela Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 desencadeou uma pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde com alta taxa de transmissibilidade e ampla disseminação, a Coronavirus 2019 disease (COVID-19). Os principais sintomas identificados na fase aguda da doença estão relacionados ao aparelho respiratório. Tosse e dispneia podem estar presentes em um quadro moderado da doença, que pode ser classificada como grave se o paciente apresentar febre e estiver associada a dispneia grave, desconforto respiratório, taquipneia e hipóxia. Entretanto, com a da evolução da doença e das respectivas sequelas, observou-se tratar-se de uma condição multissistêmica. Embora a quantidade de casos novos da doença tenha sido reduzida drasticamente em todo o mundo, é preciso agora mais atenção dos sistemas de saúde para os pacientes que evoluíram com permanência dos sintomas, visto que esses podem impactar negativamente a qualidade de vida (QV) por alterações da capacidade física, função musculoesquelética e função respiratória. Objetivo: Construir modelos de previsão para a função física em sobreviventes do COVID-19, utilizando dados demográficos e antropométricos, achados clínicos, função pulmonar e força muscular e, ainda, avaliar a QV dos pacientes com síndrome pós-COVID-19 (SPC) aos 3, 6, 9 e 12 meses após a fase aguda da doença, além de verificar a possível associação da QV com a função física, função muscular e função pulmonar. Métodos: No primeiro estudo, foi realizada uma análise transversal onde 201 pacientes com SPC foram submetidos à avaliação da função física usando a escala Post-COVID-19 Functional Status (PCFS), avaliação da fadiga geral usando a escala Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Fatigue (FACIT-F), força de preensão manual (FPM) e espirometria. No segundo estudo, foi realizada uma análise observacional e longitudinal avaliando 350 pacientes com SPC, onde os participantes foram submetidos ao acompanhamento trimestral, aos 3, 6, 9 e 12 meses após a alta hospitalar, avaliando-os por meio do Short Form-36 (SF-36) para identificar o nível de QV, correlacionando-a à força de preensão manual (FPM), fadiga geral (FACIT-F), capacidade pulmonar (espirometria) e capacidade física (PCFS). Resultados: No primeiro estudo, o número de participantes classificados como 0 (nenhum), 1 (insignificante), 2 (leve), 3 (moderado) e 4 (grave) na escala PCFS foi de 12%, 20%, 19%, 24% e 24%, respectivamente. A PCFS foi significativamente correlacionada com as seguintes variáveis: FACIT-F (r = -0,424, P < 0,001), FPM (r = -0,339, P < 0,001), internação prévia (r = 0,226, P = 0,001), índice de massa corporal-IMC (r = 0,163, P = 0,021) e sexo (r = -0,153, P = 0,030). O modelo de regressão com o maior coeficiente de regressão (R = 0,559) incluiu as seguintes variáveis: idade, sexo, IMC, FACIT-F, FPM e internação prévia. No segundo estudo, ao se acompanhar a evolução dos 350 participantes que foram avaliados no 3º mês (T1), 74,6% referiram fadiga geral, 61,4% alegaram dispneia 45,4% apresentaram tosse. No 6º mês (T2), 31,7% dos participantes permaneciam com sintomas pós-COVID. Nas comparações entre T1 e T2, houve melhora significativa dos resultados de FACIT-F, função pulmonar e vários domínios do SF-36. No 9º mês (T3), 13,1% dos participantes permaneciam com SPC. Nas comparações entre T2 e T3, houve melhora significativa apenas no domínio de aspectos sociais do SF-36. No 12º mês (T4), 9,1% dos participantes permaneciam com sintomas pós-COVID. Quando os deltas absolutos entre T1, T2, T3 e T4 foram avaliados, foram observadas correlações significantes dos domínios do SF-36 com função física, função muscular e função pulmonar. Conclusão: A piora na capacidade de força muscular e de fadiga estão associadas à capacidade física reduzida, podendo a PCFS ser útil para monitorar pacientes pós-COVID e determinar o melhor tratamento a ser dado de acordo com as características de cada paciente. Ao se observar a evolução ao longo de 12 meses destes pacientes, observou-se uma melhora mais significativa nos primeiros 6 meses após a alta hospitalar, identificando-se uma correção entre a melhora dos índices de fadiga geral com a melhora da QV dos pacientes nos primeiros 6 meses, assim como observou-se uma melhora da capacidade física relacionada a melhora da QV nos 12 meses após a alta hospitalar.

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Publicado

2025-07-08

Como Citar

Funcionalidade e qualidade de vida no seguimento de pacientes com síndrome pós-covid-19. (2025). Sistema De Submissão De Trabalhos De Conclusão De Curso, 12(2), 108. https://sstcc.unisuam.edu.br/index.php/ppgcr/article/view/282

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