Fatores preditivos e auto percepção sobre a dor musculoesquelética em indivíduos com alta hospitalar após covid-19

Autores

  • Igor da Silva Bonfim Autor

Palavras-chave:

Dor Musculoesquelética, Fisioterapia, COVID-19, Alta Hospitalar, COVID Longa, Pesquisa Qualitativa

Resumo

Introdução: Em decorrência da pandemia COVID-19 e da gravidade de muitos doentes acometidos, diversos estudos têm se voltado para a investigação das repercussões agudas do SARS-Cov-2. Entretanto, existe ainda uma lacuna quanto às principais repercussões pós-alta hospitalar nestes pacientes. Objetivo: O objetivo desse estudo é identificar a taxa de ocorrência e os fatores associados à dor musculoesquelética após alta hospitalar por COVID-19 e a autopercepção sobre dor, estado de saúde geral e incapacidade nestes indivíduos. Métodos: Trata-se de um estudo misto, com abordagem quali-quanti. A abordagem quantitativa aconteceu por meio de um estudo observacional transversal. Foram incluídos indivíduos que receberam alta após internação por COVID-19. Os indivíduos responderam um questionário eletrônico disponibilizado através de um link nas mídias digitais. Foram coletadas variáveis como: idade, sexo, comorbidades prévias, presença de dor durante a internação e nível de atividade física prévia. Uma análise de regressão foi realizada e dois modelos analisados. Um primeiro, assumiu como desfecho a presença de dor, e um segundo, assumiu como desfecho a intensidade da dor. A abordagem qualitativa foi realizada através da aplicação de entrevista semiestruturada, incluindo os temas dor, estado de saúde geral e incapacidade. Resultados: No estudo com abordagem quantitativa recrutamos 247 participantes por meio das mídias sociais e contato telefônico. Um questionário eletrônico contendo características sociodemográficas, clínicas, estilo de vida, intensidade e características da dor foi utilizado para a coleta de dados. A taxa de ocorrência de dor após internação hospitalar por COVID-19 foi de 87% (215). A média de idade foi de 44 (DP 10,5) anos, a média de anos de estudo dos participantes foi de 13 (DP: 3,1) anos. A média do tempo da alta hospitalar considerando o momento da coleta foi de 404 (DP: 227,6) dias, o tempo médio de internação foi de 25 (DP: 32,4) dias e o tempo médio de uso de ventilação mecânica invasiva foi de 20 (DP: 13,6) dias. A média de intensidade de dor apontada pela escala numérica da dor foi 5 (DP: 3) pontos e a quantidade de áreas de dor foi de 2 (DP: 1,6) regiões. As regiões com queixas de dor foram: cabeça e cervical (23%), tronco (51%), membro superior direito (28%) e esquerdo (24%) e membro inferior direito (44%) e esquerdo (45%). A regressão logística mostrou que sexo feminino (OR= 4,51 95% IC 1,83-11,13), baixa renda familiar (OR= 4,62 95% IC 1,75-12,22), dor na fase aguda da doença, suporte ventilatório mecânico, alta hospitalar há menos de 1 ano (OR= 4,62 95% IC 1,73-12,32) e presença de comorbidades (OR= 0,22 95% IC 0,08-0,61) estão associadas à ocorrência de dor. Sendo a presença de comorbidades um fator protetor para a ocorrência de dor. Esse modelo explicou 31% do desfecho. O sexo feminino (OR= 3,46 95% IC 1,71-7,02), baixa renda familiar, alta hospitalar há menos de 1 ano, maior tempo de internação hospitalar (OR= 1,02 95% IC 1,00-1,03), 2 ou mais áreas de dor (OR= 2,51 95% IC 1,40-4,52) e suporte ventilatório mecânico (OR= 0,37 95% IC 0,16-0,84) estão associados à maiores níveis de intensidade de dor. Sendo o suporte ventilatório mecânico uma variável protetora para maiores níveis de intensidade de dor. Esse modelo explicou 21% do desfecho. No estudo com abordagem qualitativa foram recrutados 10 participantes. Os participantes relataram diversos sintomas que não estavam presentes antes de terem contraído a COVID-19. A maioria dos participantes relataram fadiga, dor e sintomas de ansiedade. Também foi relatado uma percepção de fragilidade relacionada à saúde. Os participantes relataram uma expectativa positiva em relação a evolução dos níveis de saúde geral. Os relatos dos participantes foram agrupados em 4 temas principais com 6 subtemas: (1) percepção de saúde frágil; (2) sequela pós COVID (dor tardia, fadiga e cansaço, impacto multissistêmico); (3) impacto psicossocial da COVID-19 (interferência nas atividades de vida diária, mudança de hábito pós COVID-19, sintomas de ansiedade); (4) expectativa positivista para o futuro. Conclusão: A taxa de ocorrência de dor é consideravelmente elevada em indivíduos que foram hospitalizados por COVID-19, mesmo após 12 meses da alta hospitalar. Fatores como sexo feminino, baixa renda familiar, suporte ventilatório, tempo de alta hospitalar e comorbidades estão associados com a presença de dor. A COVID-19 gera efeitos duradouros na saúde física e mental dos pacientes, impactando a vida social e as atividades funcionais. Entretanto, os pacientes têm uma expectativa positiva de melhora em relação à saúde geral.

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Publicado

2025-07-10

Como Citar

Fatores preditivos e auto percepção sobre a dor musculoesquelética em indivíduos com alta hospitalar após covid-19. (2025). Sistema De Submissão De Trabalhos De Conclusão De Curso, 13(1), 95. https://sstcc.unisuam.edu.br/index.php/ppgcr/article/view/295

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