Fatores ergonômicos e biopsicossociais associados com a síndrome de burnout em professores universitários

Resumo

Introdução: O estresse ocupacional afeta grande parte da população mundial em algum momento da vida, afetando gravemente trabalhadores em todas as áreas e contribuindo para com o aumento dos distúrbios ocupacionais associados, sobretudo a síndrome de burnout (SB). A ergonomia no sentido de atender às demandas relacionadas ao ambiente de trabalho propõe-se a lidar preventivamente com todas as questões relacionadas a saúde do trabalhador. Objetivo: O objetivo desta pesquisa é investigar os fatores ergonômicos e biopsicossociais associados com a SB em professores universitários. Métodos: A pesquisa foi dividida em dois estudos. No primeiro estudo foi realizada uma revisão de escopo, na bases de artigos científicos publicados até 2021 para identificar os fatores ergonômicos e biopsicossociais associados com a SB em professores universitários. No segundo estudo, foi realizado uma revisão sistemática da literatura, nas bases de artigos científicos, com foco nos tipos de intervenções aplicadas para manejo da SB em professores universitários, este estudo foi devidamente registrado no International Prospective Register of
Ongoing Systematic Reviews (PROSPERO) com o número CRD42023428101. Resultados: No primeiro trabalho, dezoito estudos foram encontrados em 12 países, e a maioria usou um desenho transversal. Quanto aos fatores ergonômicos e biopsicossociais associados à SB identificados foram: jornadas de 8 a 12 horas diárias, intervalo insuficiente entre as jornadas de trabalho, tamanho das turmas, trabalhos em home office, trabalhos administrativos e pressão por publicações. O segundo trabalho revelou poucos estudos randomizados controlados, a maioria com análise de metadados e com qualidade satisfatória. Os resultados apontaram para duas intervenções eficazes (p < 0,05): Terapia Cognitivo Comportamental e Reuniões Multidisciplinares com Guia de Discussão. Além disso, o autogerenciamento do estresse associado à meditação individual mostraram-se importantes para a melhora do engajamento dos PES. Conclusão: Este estudo trouxe à tona o fato de que o que temos de conhecimento científico sobre SB em PES é pouco, seja com relação aos fatores de causalidade, pois não foi possível confirmar a relação causal entre os fatores ergonômicos e biopsicossociais quanto às intervenções usadas. A Terapia Cognitivo Comportamental revelou-se uma alternativa bastante promissora, contudo, mais pesquisas são necessárias para replicar as intervenções aqui discutidas e investigar outras intervenções para prevenção da SB nos PES em todas as etapas da carreira docente.