Avaliação da capacidade funcional, função muscular, função pulmonar e qualidade de vida em pacientes com bronquiectasias
Palavras-chave:
Bronquiectasia, Tuberculose, Capacidade Funcional, Força Muscular Respiratória, Força Muscular Periférica, Qualidade de VidaResumo
Introdução: Bronquiectasia é uma doença respiratória crônica caracterizada patologicamente pela dilatação anormal e permanente dos brônquios, sendo causada principalmente pela perpetuação de processos inflamatórios e prejuízo na remoção de secreções. Como consequência, a doença afeta diretamente a capacidade funcional e a qualidade de vida (QV) dos pacientes. Tem sua etiologia inespecífica e representada pelo estádio final de diversos processos patológicos. No Brasil, quase metade dos casos de bronquiectasias correspondem a sequelas de tuberculose (TB), diferentemente dos países europeus onde predominam os casos classificados como idiopáticos e a doença pós-infecciosa não-TB. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a capacidade
funcional de pacientes com bronquiectasias pós-TB (BPTB) através do teste de AVD-Glittre(TGlittre), comparando-os com pacientes com bronquiectasias não relacionadas à TB (BNPTB) e, ainda, correlacionar esses achados com função pulmonar, função muscular e QV. Métodos: Trata-se de um estudo transversal e observacional, com avaliação quantitativa dos dados amostrais, onde foram avaliados 32 pacientes com diagnóstico de BPTB e 29 com BNPTB, de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Foram realizados testes de função pulmonar e medidas de handgripstrength (HGS) e força de quadríceps (FQ). Adicionalmente, esses pacientes foram submetidos ao questionário Short Form-36 (SF-36). Resultados: Como resultados, tanto pacientes com BPTB quanto pacientes com BNPTB necessitaram muito mais tempo para realizar o TGlittre em comparação com os valores previstos, embora não diferissem estatisticamente uns dos outros [152(124-200) vs. 145(117-179)% previsto, P=0,41]. Em relação aos testes de função pulmonar, os pacientes com BPTB apresentaram valores significativamente menores do que os pacientes com BNPTB, em capacidade vital forçada (CVF, 60± 14,5 vs. 78,2 ± 22,2% previsto, P <0,001) e capacidade pulmonar total [CPT, 82(66-95) vs. 93(82-105) % previsto, P=0,028]. No grupo BPTB, CVF (P <0,001) e FQ (P= 0,001), foram as únicas variáveis dependentes significativas para prever o tempo do TGlittre, explicando 71% da sua variabilidade. No grupo BNPTB, a pressão expiratória máxima (P=0,001), a razão volume residual/CPT (P=0,002) e a FQ (P=0,032), foram as variáveis dependentes significativas para prever o tempo do TGlittre, explicando 73% da
sua variabilidade. Conclusão: Assim, pacientes com BPTB têm baixo desempenho no TGlittre que é semelhante ao de pacientes com BNPTB. Pacientes com BPTB têm maior redução dos volumes pulmonares em relação aos pacientes com BNPTB. Ademais, o desempenho no TGlittre em pacientes BPTB é grandemente explicado por volume pulmonar e FQ. Nossos achados podem fornecer informações importantes para medidas de resultados em programas de reabilitação pulmonar em pacientes com bronquiectasias.
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