Avaliação a longo prazo da capacidade funcional, função muscular, função pulmonar e qualidade de vida de pacientes pós-pneumonia associada à ventilação mecânica
Palavras-chave:
Ventilação Mecânica, Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, Exercício, Qualidade de Vida, ReabilitaçãoResumo
Introdução: A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é considerada a complicação mais frequente associada ao ventilador mecânico, representando um grande causador de morbimortalidade, o que prolonga o tempo de internamento hospitalar. O número de pacientes que desenvolvem PAV tem aumentado progressivamente e isso tem gerado uma quantidade enorme de sobreviventes que não são acompanhados no longo prazo, gerando uma carga enorme ao sistema de saúde. A avaliação das disfunções decorrentes da PAV se faz necessária através da utilização de ferramentas específicas que demonstrem o seu efeito na saúde do indivíduo, pois é uma doença ainda pouco estudada no que se refere à capacidade funcional, função pulmonar, força
muscular e qualidade de vida (QV) no longo prazo. Há alguns anos foi criado o teste AVD-Glittre (TGlittre) para avaliar a capacidade funcional ao esforço, mas ele não tem sido ainda estudado em sobreviventes de PAV. Objetivo: O objetivo desse estudo foi avaliar a capacidade funcional, no longo prazo, de pacientes que desenvolveram PAV durante internamento hospitalar e sua relação com a função pulmonar, a força muscular periférica, o grau de fadiga geral e a QV. Métodos: Este estudo observacional transversal avaliou 30 sobreviventes de PAV entre 6 meses e 1 ano da alta hospitalar. Os participantes submeteram às seguintes avaliações: TGlittre para avaliar a capacidade funcional; força muscular respiratória; força de preensão manual (handgrip); teste espirométrico para mensurar a função pulmonar; Functional Assessment of Chronic Therapy (FACIT-F) para estimar a fadiga geral; e questionário Short Form-36 (SF-36) para avaliar a QV. Resultados: Dentre os resultados encontrados, a mediana do tempo do TGlittre foi de 95 (81–130) % predito, sendo que 30% dos participantes tiveram um baixo desempenho no TGlittre. Na espirometria, 33,3% dos participantes tiveram um exame anormal. Houve correlações significantes entre o tempo do TGlittre e vários parâmetros, incluindo: peso (rs = -0,412, p = 0,023); índice de massa corporal (IMC, rs = - 0,400, p = 0,029); capacidade vital forçada (CVF, rs = -0,401, p = 0,030); handgrip (rs = -0,571, p = 0,0009); escala FACIT-F (rs = -0,405, p = 0,026) e domínios do SF-36. Os participantes que retornaram ao trabalho mostraram menor tempo do TGlittre comparado àqueles que não retornaram (89 (69–104) vs. (129 (102–183) % predito). Na regressão linear múltipla, CVF e IMC explicaram 39% da variabilidade do TGlittre. Conclusão: Conclui-se que, em sobreviventes de PAV, cerca de um terço deles mostram reduzida capacidade funcional avaliada pelo TGlittre, baixa função pulmonar e fadiga geral após 10 meses da alta. Nesses pacientes, quanto maior o tempo do TGlittre, pior a função pulmonar, a função muscular, a fadiga
geral e a QV e menor o retorno ao trabalho.
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