Associação entre problemas de visão e dor cervical em adultos: um estudo de coorte

Resumo

Introdução: Existe uma escassez de estudos longitudinais que tenham avaliado a associação entre problemas de visão e dor cervical. Objetivos: Investigar se existe a associação entre problemas de visão e a dor cervical em adultos após um ano de acompanhamento. Métodos: Estudo observacional longitudinal. Um total de 457 voluntários assintomáticos em relação à dor cervical, com idade entre 18 e 65 anos participaram do estudo. Questões sociodemográficas, antropométricas, de estilo de vida, sobre a dependência do uso do celular, relacionadas a problemas de visão e dor cervical foram avaliadas por meio de um questionário de autopreenchimento. Um ano após a avaliação da linha de base, os participantes foram contactados para responder um segundo questionário contendo apenas questões relacionadas à dor cervical e à frequência de dor cervical. A variável independente foi problemas de visão, enquanto as variáveis dependentes foram dor cervical, e frequência de dor cervical. Foi utilizada análise de regressão logística para investigar a associação entre a variável problemas de visão, avaliada na linha de base e dor cervical após um ano, assim como com frequência de dor cervical. Um terceiro e um quarto modelo foram utilizados para analisar a associação entre problemas de visão com três categorias (sem problemas de visão, problemas de visão corrigidos e problemas de visão não corrigidos) e os desfechos dor cervical após um ano e frequências de dor cervical. Resultados: A análise de regressão logística não mostrou associação entre problemas de visão e dor cervical (OR = 1,324, IC 95% 0,658–2.664, p-valor 0,432), entretanto, a análise sugere uma associação entre problemas de visão e frequência de dor cervical (OR = 1,494, IC 95% 0,974–2,292, p-valor 0,066). No modelo com a variável problema de visão com três categorias (não tem problema de visão, tem problema de visão corrigido, tem problema de visão não corrigido), não foi encontrada associação de nenhuma das categorias com dor cervical (problemas de visão corrigidos OR = 1,548, IC 95% 0,756–3.169, p-valor 0,232; problemas de visão não corrigidos OR = 0,346, IC 95% 0,044–2,757, p-valor 0,317). Não foi encontrada associação entre problemas de visão não corrigidos e frequência de dor cervical (OR = 1.03, IC 95% 0,457–2,321, p-valor 0,943), porém houve associação estatisticamente significativa entre problemas de visão corrigido e frequência de dor cervical (OR = 1,609, IC 95% 1,028–2,518, p-valor 0,038). Conclusão: Este estudo encontrou uma associação entre problemas de visão corrigidos e frequência de dor cervical em adultos, porém não mostrou associação entre problemas de visão e dor cervical.