Titulação da peep em pacientes com sdra: quais as repercussões na mecânica ventilatória?
Palavras-chave:
COVID-19, Síndrome Respiratória Aguda Grave, Titulação de PEEP, Mecânica VentilatóriaResumo
Introdução: O ajuste da pressão expiratória final positiva (PEEP) serve como uma ferramenta potencial para mitigar a pressão de condução das vias aéreas (dPaw) em indivíduos que sofrem de Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), uma condição para a qual o aumento da sobrevida foi correlacionado. Métodos: Este estudo representa uma investigação fisiológica prospectiva envolvendo pacientes com SDRA relacionada ao COVID-19 (SDRA-C), internados nas unidades de terapia intensiva de seis hospitais do Brasil. Um protocolo padronizado de titulação da PEEP foi executado em pacientes profundamente sedados e paralisados. Todos os indivíduos foram submetidos à Ventilação com Volume Controlado (VCV) com volume corrente (VT) de 6 ml por quilograma de peso corporal ideal (PCI). A titulação da PEEP foi realizada na faixa de 20 cmH2O a 6 cmH2O. O valor ideal de PEEP derivado da titulação (PEEPTIT) foi definido como o nível de PEEP associado ao dPaw mínimo. Cada curva dPaw versus PEEP foi categorizada em um dos três padrões com base nas diferenças entre os valores mínimos de dPaw e dPaw nas configurações de PEEP mais baixa (dPlow) e mais alta (dPhigh): em forma de J, em forma de J invertido e em U. Em um dos hospitais, os pacientes foram submetidos a exames de Tomografia de Impedância Elétrica (TIE) durante o procedimento de titulação da PEEP. A PEEP ótima derivada da TIE (PEEPEIT) foi definida como o nível de PEEP que representou o melhor compromisso entre hiperdistensão e estimativa de colapso. Resultados: Este estudo delineia as alterações na dPaw das vias aéreas induzidas por ajustes de PEEP durante um processo de titulação decremental da PEEP envolvendo 184 pacientes com SDRA-C. Dentre eles, 41 pacientes foram submetidos à titulação da PEEP enquanto eram monitorados com Tomografia de Impedância Elétrica (TIE). Entre a coorte, 126 (68%) pacientes exibiram maior adesão e redução da dPaw durante o estudo decremental da PEEP, sendo assim classificados como não respondedores à PEEP. Esses pacientes apresentaram curva dPaw versus PEEP em forma de J, com valor médio de PEEPTIT de 7,5 cmH2O. Em contrapartida, 40 (22%) pacientes manifestaram curva em forma de U, indicando complacência superior e dPaw mínima, com valor médio de PEEPTIT de 12,2 cmH2O. Apenas 18 (10%) pacientes apresentaram perfil em forma de J invertido, caracterizado por aumento da Paw e diminuição dos níveis de PEEP, com valor médio de PEEPTIT de 14,6 cmH2O. Esses pacientes foram caracterizados por maiores índices de massa corporal e menores relações PaO2/FiO2. Conclusão: A estratégia de titulação da PEEP empregando a TIE, que considera a estimativa de colapso e distensão excessiva, produziu resultados comparáveis quando comparada ao formato da curva pressão motriz versus PEEP obtida apenas à beira do leito com ventilação mecânica. Descobriu-se que a responsividade à PEEP está associada à gravidade da doença, juntamente com alterações na mecânica do sistema respiratório associadas à obesidade.
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