Associação entre fatores psicossociais e ocorrência de dor cervical

Resumo

Introdução: De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aproximadamente 27 milhões de brasileiros com mais de 18 anos são afetados por dor musculoesquelética. A incidência cumulativa dos primeiros episódios de dor cervical já é alta no início da vida adulta, e os sintomas tendem a recorrer ao longo do tempo. A dor é multifatorial e pode estar associada ao medo para realizar o movimento, além da ansiedade, depressão e isolamento social, configurando-se como um momento para que se possa introduzir intervenções que não sejam focadas apenas nos aspectos mecânicos. Objetivo: O presente
estudo visou investigar através de dois questionários a associação entre fatores psicossociais e a ocorrência de dor cervical. Métodos: Utilizou-se de um delineamento observacional longitudinal acompanhando 396 participantes ao longo de um ano. Resultados: A amostra foi composta por 396 indivíduos, com média de idade de 27,4 (DP = 8,89) anos, sendo 71,6% mulheres. Os
fatores psicossociais foram pontuados de 0 a 10 através do um questionário psicossocial, e obtiveram as seguintes médias de resultados: ansiedade 6,6 (DP = 2,7), isolamento social 2,4 (DP = 2,7), depressão 4 (DP = 3,2) e estresse 5,7 (DP = 2). A queixa de dor cervical foi relatada por 21,4% (n = 125) dos participantes. Dos voluntários que não apresentaram dor cervical na linha de base, 396 foram acompanhados após um ano, onde 10,1% (n = 40) referiram a ocorrência de dor cervical. Foram observadas associações significativas entre a ocorrência de dor cervical e ansiedade [OR] = 1.18; IC95% 1.03 – 1.36), depressão (p = 0,04) (OR = 1.11;
IC95% 1.00 – 1.23) e estresse (p = 0,05) (OR = 1.19; IC95% 1.06 – 1.35). Conclusão: O presente estudo verificou que há associação entre os fatores psicossociais ansiedade, depressão e estresse e a ocorrência de dor cervical.