Estratégias de reabilitação fisioterapêuticas para indivíduos com ataxia espinocerebelar
Palavras-chave:
Ataxia Espinocerebelar, Reabilitação, Fisioterapia, Marcha, EquilíbrioResumo
Introdução: A ataxia espinocerebelar (SCA) cursa com lesão do cerebelo e das vias cerebelares, além de comprometer outras regiões encefálicas, conforme seus subtipos. Assim, os sintomas atáxicos correspondem à degeneração cerebelar, somados a alterações neurológicas não atáxicas, de acordo com as regiões encefálicas acometidas. A ataxia na SCA está relacionada à incoordenação da marcha e às alterações do equilíbrio corporal, favorecendo o sedentarismo e impactando o condicionamento cardiovascular. Por outro lado, a incidência das alterações não atáxicas na SCA ainda não está claramente descrita na literatura, embora seu conhecimento possa influenciar a prescrição de exercícios de reabilitação. Uma abordagem fisioterapêutica para o treinamento da marcha e do equilíbrio é o uso do suporte parcial de peso (SPP) associado à uma esteira rolante. O SPP permite o alívio de um percentual do peso corporal dos indivíduos, facilitando o caminhar com segurança. Outra abordagem para treinar a marcha e melhorar a incoordenação e o desequilíbrio é a adição de cargas externas ao esqueleto axial ou apendicular. Embora seja amplamente utilizada na prática clínica, não há consenso sobre quanta carga aplicar, onde posicioná-la e seus efeitos. Objetivo: Em uma amostra de indivíduos com SCA, (i) avaliar o efeito do treinamento em esteira associado ao SPP sobre o desempenho da marcha, equilíbrio, capacidade cardiopulmonar, funcionalidade e qualidade de vida; (ii) identificar a presença e a prevalência de sinais não atáxicos; (iii) avaliar o efeito agudo da adição de cargas sobre a marcha e o equilíbrio. Métodos: (i) os participantes foram avaliados através de um teste de desempenho cardiopulmonar em esteira e de instrumentos de avaliação padronizados. Oito indivíduos participaram da primeira etapa do estudo, focada no treinamento da marcha e no condicionamento cardiovascular utilizando a esteira com SPP por 8 semanas. Desses, 5 indivíduos participaram de uma segunda etapa cujo objetivo foi o treinamento do equilíbrio durante a marcha em esteira apenas presos ao suporte, sem alívio do peso, por 10 semanas. As sessões duravam 50 min. Para os estudos (ii) e (iii), 25 indivíduos foram avaliados com instrumentos de avaliação padronizados, incluindo o INAS para detecção de sinais não atáxicos, através de um exame de posturografia e da análise cinemática da marcha. As duas últimas medidas foram realizadas nas condições: sem adição de carga; com adição de 1, 2, 3 kg ao redor de cada tornozelo; com adição de 2, 4, 6 kg ao redor da cintura pélvica e com adição de 2, 4, 6 kg sobre a cintura escapular. Resultados: Três artigos resultaram desta tese: o primeiro identificou que o treinamento da marcha em esteira com SPP aumentou significativamente a duração do teste de esforço e a capacidade cardiopulmonar em indivíduos com SCA. Além disso, houve melhora nas demandas posturais durante a marcha, equilíbrio e risco de quedas. O segundo estudo identificou que as manifestações não atáxicas mais prevalentes em indivíduos com SCA3 foram a arreflexia, disfunção urinária, hiperreflexia e espasticidade, com correlação moderada significativa entre os sinais não atáxicos e a gravidade da doença. O terceiro estudo mostrou que há um aumento do deslocamento médio-lateral do centro de pressão quando a adição de cargas é feita sobre a cintura escapular e diminuição ântero-posterior quando as cargas são fixadas ao redor dos tornozelos. Além disso, houve aumento da duração da passada, diminuição da velocidade da marcha e da frequência da passada quando houve adição de cargas em torno dos tornozelos. Conclusão: Aliviar ou sobrecarregar o peso corporal dos indivíduos com SCA parece trazer benefícios e a escolha de qual estratégia usar deverá ser feita conforme os objetivos de tratamento porpostos.
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