Aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo de crianças e adolescentes com transtornos do neurodesenvolvimento e síndrome de down: implicações para a reabilitação

Resumo

Introdução: Os distúrbios neurológicos que interferem diretamente na aquisição, absorção e aplicação das habilidades ou de conjunto de informações específicas como memória, coordenação, linguagem e motricidade são classificados como Transtorno do Neurodesenvolvimento (TN). O transtorno do espectro autista, a deficiência intelectual e a Síndrome de Down (SD) são exemplos de condições que levam a alterações no desenvolvimento motor e cognitivo e que também podem impactar na aquisição de habilidades motoras e aptidão física. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar a composição corporal e a aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo em crianças e adolescentes com TN e SD. Métodos: Foram avaliadas 15 crianças e adolescentes com idades entre 7 a 17 anos com SD ou TN, meninos e meninas, as quais foram submetidas à avaliação antropométrica (massa corporal, estatura, dobras cutâneas, perímetros e segmentos corporais e diâmetros ósseos) e à avaliação da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo por meio de testes contidos na Bateria EUROFIT e PROESP-BRASIL.
Resultados: Na comparação entre os grupos, o grupo com SD apresentou menores estatura, perímetro cefálico e envergadura médios (todos os p<0,05). Não houve diferença em relação ao índice de massa corporal (p=0,824) e ao percentual de gordura (%G) (p=0,858), sendo que no grupo TN 71,4% apresentaram o %G classificado como “muito alto” ou “alto” e no SD 87,5% como “muito alto”, “alto” ou “moderadamente alto”. De modo geral, o grupo com SD apresentou desempenho inferior ao grupo com TN, com diferença estatisticamente significativa no shuttle test (velocidade), arremesso de medicine ball (força explosiva de membros superiores) e salto em distância (força explosiva de membros inferiores). Conclusão: Crianças e adolescentes com SD e TD mostraram padrões distintos de aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo, fato este que aponta a necessidade de abordagens diferentes para a reabilitação/recondicionamento desses grupos. Já em relação à composição corporal, o alto percentual de crianças e adolescentes com a gordura corporal acima dos valores previstos reforça a importância e a necessidade
de manter este grupo fisicamente ativo, além de outras possíveis intervenções que contribuam para a redução ponderal.