Fatores associados ao sucesso de extubação em recém nascidos prematuros submetidos ao teste de respiração espontânea

Resumo

Introdução: Recém-nascidos prematuros (RNPT’s) submetidos à ventilação mecânica invasiva (VMI) necessitam de cuidados especiais, monitoração contínua à beira do leito dos parâmetros respiratórios, mecânica respiratória, gases arteriais e análise dos parâmetros respiratórios em combinação com as curvas de gráfico. Embora este suporte ventilatório seja considerado um dos maiores avanços da medicina, a permanência prolongada está associada a um aumento da mortalidade e morbidade, o que faz que o desmame seja uma das prioridades nesses pacientes. Objetivo: O objetivo deste estudo é analisar os fatores associados ao sucesso de extubação em RNPT’s submetidos ao TRE. Métodos: Este estudo foi observacional, descritivo e retrospectivo. Os RNPT’s analisados ficaram internados na UTI Neonatal e Pediátrica do Hospital do Trabalhador na Cidade de Curitiba. Foram recrutados 110 RNPT’s sendo incluídos no trabalho todos os RNPT’s que realizaram o bundle de extubação (n=27) durante o período de julho de 2021 a junho 2022, sendo coletado os dados de uma ficha de VMI e os fatores seguindo um bundle de extubação do serviço de fisioterapia desta unidade os quais foram transcritos para uma ficha de evolução para análise dos resultados com dupla checagem. Após preenchido os fatores para o sucesso da extubação os quais constam no bundle: Parkin/Capurro, idade gestacional corrigida, doses de surfactante pulmonar, peso do RN, dados ventilatórios (complacência dinâmica, resistência pulmonar, volume minuto e volume corrente), fatores pulmonares (dados da gasometria, RX, via aérea se escape e drive/trigger presentes), fatores cardíacos (PCA com repercussão, RX, HP), fatores neurológicas, condições clínicas, medicações, tempo de TRE e suporte ventilatórios pós extubação, foi aplicado o TRE em todos os RNPT’s desta pesquisa. Resultados: Os resultados sumarizados demonstram que o peso de nascimento do RNPT, a sua idade gestacional, o volume corrente em VMI, a pressão de platô, o suporte NIPPV utilizado extubação e a medicação cafeína, apresentaram diferença estatisticamente significativa no sucesso de extubação destes prematuros ( p < 0.05). Além disso, o teste estatístico (teste Exato de Fisher) indicou a rejeição da hipótese nula (p=0,003) indicando haver evidência de que o sucesso na extubação está associado a uma maior chance de não haver reintubação. Discussão: Muitos são os fatores estudados que podem indicar o sucesso de extubação, porém a literatura, ainda, é escassa, quando diz respeito aos protocolos de desmame, protocolos de sucesso e testes de prontidão a serem utilizados em RNPT’s, necessitando, portanto, de mais estudos passíveis para contribuir com a decisão de qual momento e as condições favoráveis para predizer o sucesso da extubação. Conclusão: Embora muito se tenha avançado em relação ao manejo da ventilação mecânica neonatal, ainda há uma longa trajetória a ser percorrida diante da construção de conhecimentos acerca do processo de desmame e extubação de recém-nascidos prematuros. É de extrema importância o prosseguimento dos estudos a fim de que as evidências sejam suficientes para determinar de forma objetiva critérios ventilatórios, clínicos e testes de prontidão respiratória com alto poder preditivo e de reprodutibilidade entre as unidades de terapia intensiva neonatal, com inserção de protocolos sistematizados.