Posturas básicas e fatores de risco para lombalgia ocupacional: uma investigação com trabalhadores e com profissionais de saúde
Palavras-chave:
Dor Lombar, Dor Musculoesquelética, Ergonomia, Fatores de Risco, Saúde do Trabalhador, PosturaResumo
Introdução: A associação entre as posturas no trabalho e a lombalgia em trabalhadores possui resultados conflitantes. Não há um comparativo entre as diversas posturas, bem como existe uma ausência de informação entre tempo de exposição nessas posturas ocupacionais e presença de lombalgia. Além disso, poucos fatores de risco de lombalgia são controlados nos estudos realizados. Por fim, não há relatos na literatura sobre o conhecimento dos profissionais de saúde ocupacional quanto aos fatores de risco da lombalgia. A presente tese verificou a relação entre posturas básicas e fatores de risco para lombalgia ocupacional em quatro investigações distintas. Objetivo: O primeiro estudo analisou a relação entre a postura lombar relacionada ao trabalho (sentado, em pé, andando, postura alternada) e a lombalgia em trabalhadores. A segunda investigação desenvolveu e validou um ponto de corte para posturas diárias para discriminar trabalhadores com lombalgia. O terceiro estudo analisou a prevalência e os fatores associados às queixas musculoesqueléticas em profissionais de enfermagem. Por fim, a última investigação verificou o conhecimento sobre os fatores de risco de lombalgia, crenças e atitudes sobre o manejo da lombalgia entre profissionais de saúde que atuam na área ocupacional. Métodos: O primeiro e o segundo estudo analisaram 529 registros de trabalhadores adultos de um banco de dados de uma empresa privada. A postura lombar predominante relacionada ao trabalho foi classificada com base no tempo em cada postura. Os sintomas da dor lombar nos últimos 12 meses e últimos 7 dias foram os desfechos do estudo. O modelo de análise multivariada avaliou a relação independente entre as posturas ocupacionais e 22 covariáveis pessoais, ocupacionais, clínicas e psicossociais com lombalgia. A curva da Característica de Operação do Receptor (curva ROC) verificou a capacidade do tempo diário em cada postura em discriminar trabalhadores com lombalgia em uma amostra de treinamento. O terceiro estudo foi composto por 61 prontuários de trabalhadoras de enfermagem. Doze covariáveis pessoais, ocupacionais, clínicas e psicossociais foram avaliadas. O modelo de análise multivariável avaliou a relação independente entre os potenciais fatores de exposição e as queixas musculoesqueléticas. O último estudo recrutou 81 profissionais de saúde do trabalhador brasileiros que responderam um questionário eletrônico sobre conhecimentos, crenças e atitudes sobre lombalgia. Resultados: O modelo de regressão logística ajustada indicou que o predomínio de caminhada reduziu a probabilidade de relatar lombalgia nos últimos 12 meses quando comparada à posição em pé (OR = 0,54; IC95% 0,30, 0,99; p = 0,048), mas não houve associação entre a postura lombar ocupacional e lombalgia recente. As análises ajustadas também revelaram associação entre lombalgia e sexo feminino, dor em outra região
corporal e lombalgia prévia. O tempo diário gasto em determinada postura não foi capaz de discriminar com precisão os trabalhadores com lombalgia. O tempo total de caminhada foi a única postura diária que discriminou trabalhadores com lombalgia no último ano na amostra testada, embora com baixa acurácia. Uma alta prevalência de queixas musculoesqueléticas (86,9%) em profissionais de enfermagem foi observada, sendo a região lombar, ombro, parte superior das costas e pescoço as partes mais
acometidas. Foi evidenciada uma associação entre queixas musculoesqueléticas no pescoço e ausência de pausas no trabalho, queixas nos ombros e sobrepeso ou obesidade, queixas nos punhos/mãos e jornada de trabalho > 8 horas, queixas na região de coluna torácica e sensação de cansaço frequente e entre queixas nos quadris/coxas e estresse mental. Por fim, obesidade (7,4%), ficar sentado por mais de 2 horas (8,6%), atividade física (9,9%), falta de apoio psicossocial no trabalho (11,1%) e consumo diário de álcool (37,0%) apresentaram as menores taxas de conhecimento entre os profissionais sobre os fatores de risco para lombalgia. Além disso, os fatores sobre saúde geral apresentaram maior desconhecimento. Conclusões: A postura em pé aumentou a probabilidade de relatar lombalgia durante os últimos 12 meses quando comparada à caminhando. Um episódio de lombalgia está associado a fatores pessoais e clínicos tanto para casos recentes quanto no ano anterior. O tempo diário gasto em determinada postura não foi capaz de distinguir com precisão os trabalhadores com lombalgia. Elevada prevalência de queixas musculoesqueléticas em profissionais de enfermagem foi observada, assim como as características pessoais, ocupacionais, clínicas e psicossociais foram associadas às queixas musculoesqueléticas nos últimos 12 meses entre essas profissionais. Por fim, os
profissionais de saúde ocupacional brasileiros carecem de conhecimento sobre os fatores de risco não ocupacionais para lombalgia, especialmente o estado geral de saúde.
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