Efeitos de 12 semanas de pilates na capacidade funcional, na função muscular periférica, na dispneia e na qualidade de vida de pacientes com síndrome pós - covid-19: ensaio clínico controlado e randomizado

Resumo

Introdução: A síndrome respiratória aguda grave (SARS) por evolução da COVID-19 tem consequências diretas e indiretas em vários sistemas, especialmente o sistema musculoesquelético, além do sistema respiratório. Alguns desses sintomas persistem por muito tempo, e estão contidos no escopo da síndrome pós-COVID-19, interferindo diretamente na capacidade funcional e na qualidade de vida desses pacientes. Os exercícios de Pilates concentram-se na respiração, simetria postural, estabilização do tronco, flexibilidade, mobilidade articular e fortalecimento muscular global. Objetivo: Avaliar os efeitos de um programa trimestral de exercícios padronizados de Pilates na capacidade funcional de pacientes com síndrome pós-COVID-19. Métodos: Ensaio clínico, randomizado e controlado que avaliou os efeitos clínicos e funcionais de 12 semanas de Pilates. O Protocolo foi aprovado no CEP sob número CAAE: 57259422.2.0000.5235 e registrado no clinical trials: NCT05722730. Foram recrutados voluntários, após 3 meses da alta hospitalar por evolução da COVID-19 (n=68). Destes, foram incluídos 60 e posteriormente excluídos os que preenchiam os critérios de exclusão(n=12), os quais foram randomizados (n=48) cegamente em dois grupos: controle que recebeu os cuidados usuais de reabilitação pulmonar 2x/semana e os do grupo intervenção que além dos cuidados de reabilitação pulmonar 2x/semana realizam no mesmo dia exercícios específicos e padronizados de Pilates por 12 semanas (24 sessões terapêuticas). A Capacidade funcional (teste de caminhada de 6 minutos), força muscular ventilatória (manovacuometria), desempenho musculoesquelético (força e endurance do músculo quadríceps, força de preensão manual), sensação de dispneia (mMRC), estado funcional pós-COVID-19 (PCFS) e qualidade de vida relacionada à saúde (SF-36) foram avaliados e comparados antes e após a intervenção. Resultados: Após 12 semanas, houve melhora significativa no grupo de intervenção no TC6’ (53,76m vs 12,04m, p < 0,001), na força muscular periférica em 7.7 kgs (D0: 21.3[2.94] vs 28.9 [3.88], p<0.001 vs 1.3 kgs no grupo controle (D0 20.9 [2.24] vs D3 22.2[2.17] p=0.03). Esta diferença de aumento de força muscular periférica representou um ganho 6,5kg maior no grupo de participantes que realizou 12 semanas de Pilates quando comparados ao grupo controle (6.52 [4.99 – 8.04]; p < 0.001, SMD 2.3[1.57 – 3.03]). Efeitos clínicos similares foram observados no teste de carga máxima do quadríceps (com ganho médio de 7.6 [IC 95% 4.88 - 10.31] Kgs; p<0.001, tamanho de efeito de 1.5) em comparação com pacientes do grupo controle, mesmo com a observação de melhora significativa de força nos pacientes do grupo controle que receberam apenas cuidados usuais (Pilates: média da diferença: 10.4 (IC 95% 8.4 - 12.4), p< 0.001 e Controle: Média da diferença: 3.04(IC 95% (0.96 - 5.13), p=0.005). A intervenção trimestral de pilates também melhorou a qualidade de vida e estado funcional (D SF-36: 2.17[IC95% -0.45 - 4.79]; p=0.102 no grupo controle e 17.8[15.49 – 20.51]; p < 0.001 no grupo Pilates e D PCFS: -0.3 [IC95% -0.52 - - 0.08]; p < 0.05 no grupo controle e -1.08[-1.29 – -0.87]; p < 0.001 no grupo Pilates). Conclusão: O programa de Pilates foi clinicamente eficaz na melhora da aptidão cardiorrespiratória e musculoesquelética em voluntários após hospitalização por evolução da COVID-19.