Efeitos de um programa de exercícios para a estabilidade estática e dinâmica em idosos: um ensaio clínico

Resumo

Introdução: Diversos estudos têm demonstrado a importância do treinamento do equilíbrio e do fortalecimento muscular para a melhora da estabilidade postural e da força muscular, objetivando a diminuição do risco de quedas e a melhora da funcionalidade da população idosa. Porém, pouco se discute sobre o uso de progressões do nível de dificuldade na execução nos exercícios de equilíbrio no decorrer dos programas. Essa abordagem é vantajosa pois, oferece estímulo contínuo, evitando estagnação, e ajuda os fisioterapeutas a oferecerem desafios adequados a seus pacientes. Isso pode impulsionar a motivação e adesão, otimizando a eficácia clínica. Objetivos: Investigar a eficácia da progressão sistematizada da demanda de estabilidade, durante um programa de exercícios de equilíbrio estático e dinâmico e fortalecimento muscular, na melhora da estabilidade corporal de idosos independentes; e relatar as percepções subjetivas dos pacientes acerca do programa. Métodos: Ensaio clínico controlado e randomizado. Dezenove idosos foram designados para um de dois grupos: intervenção (N = 9) e controle (N = 10). O grupo intervenção (GI) participou de um programa de exercícios para estabilidade estática e dinâmica com progressão sistemática de dificuldades (dupla-tarefa, resistência e modificação das entradas sensoriais) e exercícios para fortalecimento muscular de membros inferiores. O grupo controle (GC) realizou o mesmo programa de exercícios, exceto pelas progressões de dificuldade. O programa durou 12 semanas, com 2 sessões de 1h por semana. Os indivíduos foram avaliados antes e depois do programa, utilizando os seguintes instrumentos: Timed up and Go Test (TUG), Four Stage Balance Test (4stage), Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) e modified Dynamic Gait Index (mDGI). Uma ANOVA de dois fatores incluindo grupo (GI vs. GC) e momento (antes vs. depois do tratamento) foi empregada para analisar os resultados da EEB, mDGI e TUG. O teste exato de Fisher foi utilizado para analisar os resultados do 4Stage test. Ao final da intervenção, a fim de se obter a percepção subjetiva dos participantes em relação ao tratamento, foi realizado um estudo qualitativo através de uma entrevista semiestruturada individualizada. A análise das respostas foi realizada utilizando o método “Framework Approach” que consiste em retirar trechos das falas dos pacientes (códigos), agrupar os códigos em categorias, e finalmente eleger os temas que representem fielmente as percepções e ideias dos entrevistados. Resultados: Após a intervenção, houve um aumento significativo no desempenho na EEB (P<0,001) e no mDGI (P=0,001), sem efeito de grupo ou interação (P>0,263). Houve melhora na performance do 4Stage test para 5(50%) indivíduos do GC e para 4(44%) indivíduos do GI, sem diferenças estatísticas entre os grupos (P=0,344). Os temas que emergiram das entrevistas foram: experiência satisfatória; benefícios para a saúde; acolhimento e vínculo; comprometimento, motivação e persistência; percepção de desafio; continuidade; desafios à permanência no programa e dificuldades de desempenho. Conclusão: O programa de exercícios proposto promoveu melhoras no desempenho funcional e no risco de quedas, embora estratégias de progressão de dificuldade parecem não aumentar o efeito do programa. O programa foi satisfatório para os participantes e estes relataram melhoras em diversos aspectos de sua saúde, citaram alguns obstáculos para a permanência no programa e para realização dos exercícios, além de expressarem o desejo de continuar a praticar exercícios físicos.