Avaliação da capacidade funcional em indivíduos em pré-operatório de cirurgia torácica através do teste de avd-glittre
Palavras-chave:
Fisioterapia, Cirurgia Torácica, Atividades Cotidianas, ReabilitaçãoResumo
Introdução: A cirurgia torácica pode ser uma das opções para o tratamento curativo de doenças como o câncer de pulmão e tumores do timo. Pacientes no pós-operatório de cirurgia torácica podem cursar com dispneia ao esforço e redução da tolerância à atividade, comprometendo sua funcionalidade e qualidade de vida (QV). Escalas e testes funcionais estão disponíveis com o intuito de mensurar a capacidade funcional (CF) e, para isso, é necessário a utilização de um instrumento que avalie a CF de forma global. O teste de AVD-Glittre (TGlittre) foi validado para avaliar a CF em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e, desde então, já foi utilizado em diferentes populações. Este teste tem grande potencial para uso clínico no período pré-operatório de cirurgia torácica com avaliação de risco cirúrgico, visto que ele atende à necessidade de uma avaliação objetiva da função física de forma ampla, usando tarefas semelhantes às atividades de vida diária (AVD). Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação do TGlittre com medidas de função pulmonar, balanço corporal e QV no pré-operatório de cirurgia torácica e, secundariamente, avaliar a capacidade do TGlittre de prever complicações pós-operatórias. Métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) no período entre março e dezembro de 2021, com pacientes maiores de 18 anos e com proposta de cirurgia torácica. Os participantes do estudo foram submetidos a realização do TGlittre, para avaliação da CF, testes de função pulmonar (TFP), St. George's Respiratory Questionnaire para avaliação QV e escala de equilíbrio de Berg (EEB) para análise do balanço corporal. Resultados: Este estudo avaliou 34 pacientes em pré-operatório de cirurgia torácica, sendo que 23 (67,6%) eram mulheres, com média de idade de 56,5 ± 12,4 anos. A mediana do tempo para realizar as tarefas do TGlittre em relação ao predito foi de 137 (116–179) % predito. Houve correlação significante entre o tempo de TGlittre e a capacidade de difusão ao monóxido de carbono (rs = -0,334, p = 0,042), embora não tenha havido correlações significantes com outras medidas de função pulmonar. O tempo de TGlittre correlacionou significantemente com a EEB (rs = -0,359, p = 0,036). Uma correlação significante também foi observada entre o tempo de TGlittre e a duração da drenagem torácica no período pós-operatório (rs = 0,651, p = 0,003). Conclusão: Em conclusão, pacientes em pré-operatório de cirurgia torácica gastam muito mais tempo para realizar as tarefas do TGlittre em relação ao tempo previsto. Há uma relação do tempo de TGlittre tanto com a difusão pulmonar quanto com o controle do balanço. Além do mais, há uma relação entre o tempo de TGlittre e a duração da drenagem torácica. A utilização do TGlittre durante a estratificação de risco torácico no pré-operatório pode oferecer informações relevantes na busca de um tratamento personalizado para os pacientes com proposta de cirurgia torácica.
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