Avaliação da capacidade funcional através do teste de caminhada de seis minutos incorporado à medida de ventilação em pacientes pós-covid-19

Resumo

Introdução: A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 tem se apresentado como um dos maiores desafios sanitários em escala global nesse início de milênio. A escassez de estudos prognósticos em pacientes com síndrome pós-COVID-19 (SPC) mostra a necessidade de identificar os principais efeitos na capacidade funcional no curto e médio prazo desses pacientes. Nesse sentido, a avaliação da função e da estrutura pulmonar e da capacidade funcional em pacientes pós-COVID-19 é essencial para estimar o impacto dos prejuízos causados pela doença. Objetivos: O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da reabilitação pulmonar (RP) sobre a dinâmica da ventilação medida durante o teste de caminhada de 6’ (TC6’) em pacientes com SPC e, secundariamente, avaliar a associação desses achados com as medidas de função e estrutura pulmonares obtidos em repouso. Métodos: Trata-se de um estudo do tipo transversal, com avaliação quantitativa dos dados amostrais. Inicialmente foi realizada uma avaliação clínico-funcional, incluindo medidas antropométricas (peso, altura e índice de massa corporal). Em seguida, esses pacientes realizaram avaliação da função pulmonar por meio da espirometria e da oscilometria de impulso (IOS), análise dos parâmetros de ultrassonografia pulmonar (USP) e avaliação da capacidade funcional através do TC6’ incorporado à medida de ventilação pulmonar usando o Spiropalm® (Spiropalm 6MWT, Cosmed, Roma, Itália). Resultados: A espirometria foi anormal em 21,2% e 31,3% dos participantes dos grupos que realizaram RP (grupo RP) e que não realizaram RP (grupo (NRP), respectivamente (p=0,36). A IOS foi anormal em 28,6% e 66,7% dos participantes dos grupos RP e NRP, respectivamente (p=0,003). A USP esteve alterada em 39,4% e 43,8% dos participantes dos grupos RP e NRP, respectivamente (p=0,72). A distância percorrida no TC6’ (DTC6’) foi maior no grupo RP em comparação ao grupo NRP [437 ± 92 vs. 361 ± 79 m, p=0,001]. Hiperinsuflaçao dinâmica (HD) foi observada em 6,1% e 37,5% participantes dos grupos RP e NRP, respectivamente, com diferença significante na capacidade inspiratória ΔCI (p<0,001). A DTC6’ correlacionou significantemente com vários parâmetros da IOS e com ΔCI. Não houve associação entre espirometria anormal e DTC6’ nem entre USP anormal e DTC6’. Conclusão: Em conclusão, pacientes com SPC submetidos à RP têm melhor desempenho no TC6’, com maior DTC6’ e menos HD. Nestes pacientes, a IOS é capaz de distinguir os efeitos da PR que não são diferenciados pela espirometria nem pelo USP.Além do mais, quanto melhor a mecânica respiratória avaliada pela IOS e quanto menos houver HD, melhor é a performance no TC6’