Características antropométricas, composição corporal e desempenho esportivo em atletas de rugby em cadeira de rodas

Resumo

Introdução: O rugby em cadeira de rodas (RCR) é uma modalidade esportiva adaptada para pessoas com tetraplegia ou tetraequivalência. Com o aumento do número e da qualidade técnica dos jogadores, a identificação de variáveis que possam estar relacionadas a um melhor desempenho esportivo é importante, a fim de otimizar o treinamento e a seleção de atletas para a modalidade. Objetivo: Verificar a associação entre habilidades esportivas, classificação funcional (CF) e variáveis antropométricas em jogadores de RCR com lesão medular (LM). Métodos: Foi realizado um estudo seccional em que participaram 14 jogadores de RCR (34±7 anos de idade; 9±4 anos de LM e 4±3 anos de prática de RCR). As habilidades esportivas do RCR foram investigadas com a aplicação da Bateria Beck, composta por cinco testes: precisão de passe, passe de longa distância, manejo de bola, desempenho de bloqueio e velocidade de 20 metros. As medidas antropométricas realizadas foram: comprimentos, perímetros e dobras cutâneas. A partir destas medidas foram calculadas a massa livre de gordura, massa gorda, somatório de dobras cutâneas e a circunferência muscular do braço (CMB). A normalidade da distribuição dos dados foi comprovada com a aplicação do teste de Kolmogorov Smirnov. Antes da aplicação da regressão linear, foi feita uma análise de colinearidade, evitando inserir variáveis que tivessem grande correlação entre si. Em seguida, foi feita a regressão linear Stepwise para cada um dos testes da Bateria Beck. Resultados: Os atletas apresentaram percentual de gordura de 19,37 ± 3,53 %; CMB de 29,15 ± 3,37 cm; teste de precisão de passe: 23,29 ± 7,94 pontos; teste de passe de longa distância: 12,14 ± 4,26 pontos; teste de manejo de bola: 9,86 ± 2,45 pontos; teste de bloqueio: 33,86 ± 7,31 segundos; teste de velocidade de 20m: 7,49 ± 1,62 segundos; dentre outros. Após a análise de colinearidade entre 42 variáveis, foram mantidas apenas 21. Os modelos mostraram que a CF é a variável que melhor explica o desempenho nos testes de precisão (R2 = 0,71; Erro padrão = 4,27), longa distância (R2 = 0,57; Erro padrão = 2,66), a CMB a que melhor explicou o desempenho dos testes de manejo (R2 = 0,42; Erro padrão = 1,52) de bola e velocidade de 20m (R2 = 0,55; Erro padrão = 0,83), e o volume de treino semanal explicou o desempenho no teste do desempenho de bloqueio (R2 = 0,49; Erro padrão = 4,65). Conclusão: A CMB foi a única medida antropométrica que se mostrou positivamente associada com desempenho nos testes de 20m e de manejo de bola, enquanto que os testes de precisão e de longa distância parecem ter uma influência maior da CF.