Análise cinemática dos membros superiores em atletas de rugby em cadeira de rodas: um estudo observacional

Resumo

Inrodução: O Rugby em Cadeira de Rodas (RCR) é uma modalidade esportiva Paralímpica e, com o crescimento do esporte adaptado no Brasil, tem despertado o interesse de pesquisadores sobre o padrão de movimento desses atletas. No aspecto biomecânico, um ponto importante para discussão no RCR é o movimento de propulsão na cadeira de rodas. Porém, atualmente esse tema ainda é pouco explorado. Objetivo: Identificar o comportamento cinemático dos membros superiores (MMSS) dos atletas de RCR durante a tarefa de propulsão na cadeira de rodas e identificar o perfil funcional do ombro. Métodos: Neste estudo observacional, participaram 19 atletas profissionais praticantes de RCR. O movimento de propulsão na cadeira de rodas foi analisado em duas fases (impulsão inicial e final), durante a realização do teste de velocidade máxima de 20 metros (VEL). Por meio da videometria bidimensional, as variáveis angulares relacionadas aos MMSS foram estudas, além dos ângulos de contato e impulsão na cadeira de rodas. A função do ombro foi avaliada por meio do preenchimento do questionário Wheelchair Users Shoulder Pain Index (WUSPI). A análise estatística referente aos dados sociodemográficos e de caracterização da amostra, foi feita por meio da estatística descritiva com a extração de valor de tendência central (média) e valor de dispersão (desvio-padrão). Para testar a distribuição da amostra, foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk. Após isso, as correlações entre as variáveis de interesse foram verificadas pelo coeficiente de correlação de Spearman (rho) e o coeficiente de correlação de Pearson (r), considerando valores (positivos ou negativos) com nível de significância de p ≤ 0,05. Em todas as análises supracitadas foi utilizado o software SPSS 20.0 for Windows. As análises cinemáticas das variáveis de interesse foram realizadas por meio do software Kinovea 8.23. Resultados: Os atletas apresentaram comportamento cinemático similar nas variáveis angulares durante a tarefa de propulsão na cadeira de rodas, a saber: ângulo de impulsão (89,7° ± 18,9), impulsão inicial (31° ± 10,4), impulsão final (66° ± 9,6), ângulo de contato (97,1° ± 3,8), flexão de cotovelo (94,2° ± 13,3), extensão de ombro (66,6° ± 10,6), VEL (7,7° ± 2,3) e ciclos de propulsão (16,1° ± 1,4). Foi observado uma correlação significativa entre a Classificação Funcional (CF) e o VEL (rho = -0,70, p < 0,05), assim como entre o tempo de prática de RCR com e o VEL (rho = 0,54, p < 0,05). Conclusão: Os atletas de RCR apresentaram comportamento cinemático similar na maioria das variáveis estudadas, apresentando um padrão com poucas variações. Entretanto, foi possível observar que alguns atletas tiveram melhor desempenho no teste de velocidade, principalmente os atletas com maior tempo de prática de RCR e com CF mais alta. No que tange a função do ombro, a pontuação média do questionário WUSPI foi baixa (17,8/150), mostrando que a dor ombro não afeta de forma considerável as atividades diárias dos atletas.