Associação entre inomogeneidade na ventilação, anormalidade de pequenas vias aéreas e intolerância ao exercício em pacientes com DPOC
Palavras-chave:
DPOC, Função Pulmonar, Washout de Nitrogênio, Hiperinsuflação Pulmonar, Capacidade Funcional, Exercício, Consumo de Oxigênio, Qualidade de VidaResumo
Introdução: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, representando significativo impacto sócio-econômico e um problema prioritário de saúde pública. Seu impacto global segue em ascensão por conta da exposição continuada aos fatores de risco e pelo envelhecimento da população. A espirometria é essencial para a confirmação diagnóstica; entretanto, por focar na estratificação da gravidade da obstrução ao fluxo aéreo - pela análise do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) -, guarda pouca correlação com os resultados centrados no paciente tais como dispneia, intolerância ao exercício, má qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e aumento na mortalidade. Em busca de elucidar as limitações ventilatórias comuns no paciente com DPOC, vem aumentando o interesse na utilização do teste do washout do nitrogênio (TWN2), que detecta a má distribuição na ventilação e a doença de pequenas vias aéreas, mesmo quando outros testes de função pulmonar (TFP) ainda trazem valores dentro da normalidade. Por outro lado, o teste de exercício cardiopulmonar (TECP) promove a avaliação integrada das respostas cardiorrespiratórias ao esforço, analisando respostas metabólicas, ventilatórias e cardiovasculares durante o exercício dinâmico e possuindo, assim, importante potencial diagnóstico e prognóstico em pacientes com DPOC. Objetivo: Avaliar a contribuição do TWN2 em respiração única em predizer a QVRS e a tolerância durante o TECP em pacientes com DPOC. Métodos: Neste estudo transversal foram incluídos 31 pacientes com DPOC. Os participantes foram submetidos à avaliação clínica, escala de dispneia modified Medical Research Council (m-MRC) e questionários de QVRS, incluindo o escore COPD assessment test (CAT), o 36-Item Short Form Health Survey (SF36) e o St. George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ). Também foram submetidos aos TFP, incluindo espirometria, pletismografia de corpo inteiro e TWN2. Por fim, foi avaliada a capacidade funcional e a tolerância ao exercício durante o TECP. Resultados: Foram avaliados 16 homens e 15 mulheres. A média de idade foi de 67,5 ± 9,9 anos, enquanto a carga tabágica foi 50,9 ± 26,2 maços-ano. Foi observado que, quanto maior a inomogeneidade na ventilação medida pela inclinação da fase III do TWN2 em respiração única (SIIIN2), menores foram o consumo de oxigênio (VO2pico) e a reserva ventilatória (RVE) medidos no pico de exercício, com correlações negativas entre as variáveis (r = -0,681, P < 0,0001; r = -0,799, P < 0,0001, respectivamente). Também foi verificado que, quanto maior a SIIIN2, maior o impacto negativo sobre a QVRS avaliada através do CAT (r = 0,591, P < 0,0005) e do sumário do componente físico medido pelo SF36 (r = -0,475, P < 0,007). Conclusão: A associação observada entre a inomogeneidade na ventilação e a intolerância ao exercício indica que o TWN2 deva ser explorado como uma ferramenta complementar na avaliação do paciente com DPOC.
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