Efeito da quiropraxia instrumental na variabilidade da frequência cardíaca no paciente com dor musculoesquelética
Palavras-chave:
Fisioterapia, Técnica Manipulativa, Sistema Nervoso Autônomo, Dor MusculoesqueléticaResumo
Introdução: As dores de origem musculoesquelética podem estar associadas a distúrbios no Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e tais alterações podem influenciar na perpetuação e intensidade dos sintomas. A Quiropraxia é uma abordagem terapêutica que visa, entre outros aspectos, o restabelecimento da correta modulação das vias inibitórias da dor e também do funcionamento do SNA. Embora sejam técnicas já amplamente difundidas na literatura, e usadas na prática clínica, existe uma lacuna quanto ao real impacto da quiropraxia instrumental no SNA. Nos últimos anos a mensuração da Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC) vem ganhando espaço e sendo utilizada como ferramenta de avaliação da modulação do Sistema Nervoso Autônomo (SNA). Objetivo: Comparar o padrão da VFC pré e pós estímulo manipulativo com a quiropraxia instrumental em pacientes cor dor aguda ou crônica. Métodos: Trata-se de um estudo experimental pré e pós intervenção com aplicação de manipulação por meio de uma técnica de quiropraxia instrumental. Os participantes foram randomizados eletronicamente em dois grupos: grupo intervenção (GI) com quiropraxia instrumental versus grupo placebo (GC). Foram recrutados indivíduos com dor musculoesquelética, de ambos os sexos, entre 18 e 60 anos. Todos os participantes tiveram a aferição da variabilidade da frequência cardíaca antes e imediatamente após a realização das técnicas.A avaliação foi realizada por meio de um cardiofrequêncímetro da marca Polar®, modelo H10, aplicativo Elite HRV, e os dados foram exportados para analise no software KubiusStandart versão 3.5.0. A intervenção foi constituída de um único estímulo à direita e outro à esquerda na altura do processo transverso de C1 (atlas), por meio da Terapia Instrumental Quiropráxica (TIQ) realizada com um dispositivo específico.No grupo placebo foi realizado apenas um estímulo audível e não o estímulo mecânico no local. Os parâmetros da VFC analisados foram: SDNN (Desvio padrão de todos os RR normais gravados em um intervalo de tempo (ms) que sofre influência Simpática e Parassimpática); Razão LF/HF (Razão de baixa e alta frequência que representa o Balanço simpato-vagal); Parâmetro NN50 que se refere ao número de diferenças entre os intervalos RR (intervalos dos batimentos cardíacos) que excedem 50 milissegundos; Parâmetro SD1 que se refere à dispersão das oscilações de alta frequência em torno da linha média (que representa a influência parassimpática cardíaca); Parâmetro SD2, que se refere à dispersão das oscilações de baixa frequência em torno da linha média (influência simpática cardíaca); Razão SD1/SD2 que representa o balanço entre as atividades simpático/parassimpático do SNA. Os dados foram analisados no software JASP V. 0.16.2 (2022). Para comparação das médias intra e entre grupos foi realizada a análise de variância (Anova) de medidas repetidas. Resultados: A média de idade da população foi de 32 anos (DP ). Foram incluídos 32 participantes em cada grupo. Foi encontrado que o (GI) apresentou diferença significativa na VFC ao compararmos as médias antes e após intervenção para a variável Razão LF/HF (P = 0.013). O GC também apresentou diferenças significativas ao compararmos as médias antes e após o estímulo placebo para a variável Razão SD1/SD2 (P =0.02). Entretanto, não foi identificada diferença significativa na comparação entre os grupos para nenhuma das variáveis da VFC mensuradas: SDNN (P = 0.948), NN50 (P = 0.625), PNN50% (P = 0.684), SD1 (P = 0.890), SD2 (P = 0.979), LF/HF (P= 0.688) e SD1/SD2 (P = 0.875). Conclusão: Em pacientes adultos jovens com dor musculoesquelética, a terapia instrumental quiropráxica na altura do processo transverso de C1 bilateralmentenão demonstra diferença na modulação vagal cardíaca em comparação à um estímulo placebo. Neste sentido, conclui-se que a intervenção proposta não foi efetiva para interferir nas variáveis mensuradas do sistema nervoso autônomo dos participantes incluídos no estudo.
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