Efeito imediato da terapia manual manipulativa no sistema nervoso autônomo cardíaco em indivíduos com dores musculoesqueléticas: um ensaio clínico randomizado placebo controlado com examinador cego
Palavras-chave:
Dor Musculoesquelética, Sistema Nervoso Autônomo, Terapia Manual, Efeito PlaceboResumo
Introdução: A Terapia Manual Manipulativa (TMM) é um dos principais recursos no tratamento conservador da dor musculoesquelética, porém os mecanismos pelos quais ela gera alívio de dor ainda não estão totalmente estabelecidos. O sistema nervoso autônomo (SNA) é apontado como um dos fatores envolvidos na origem e manutenção de quadros dolorosos estando alterado tanto em patologias musculoesqueléticas agudas quanto em crônicas. Os mecanismos de ação da TMM sobre os quadros dolorosos ainda não estão totalmente esclarecidos e seu efeito sobre o SNA é relacionado como possível mecanismo da melhora da dor. O efeito analgésico em lugares distantes do local onde foi executada a manipulação vertebral também suporta um potencial envolvimento do sistema nervoso central podendo estar ligado ao SNA. A literatura relata a falta de estudos do efeito da TMM em
população sintomática. Objetivo: Analisar o efeito imediato das técnicas de manipulação vertebral na região torácica alta, mobilização fascial e placebo sobre o SNA cardíaco em indivíduos com dor musculoesquelética em qualquer segmento corporal tanto aguda quanto crônica. Assim como verificar a ação do mecanismo de controle descendente inibitório da dor e sua relação com o SNA cardíaco. Métodos: Um ensaio clínico de tratamento, paralelo, com examinador cego, randomizado, placebo controlado, com três braços foi realizado para investigar o efeito agudo, em 58 indivíduos com dor musculoesquelética, das técnicas de Terapia Manual Manipulativa (TMM) (n=20), Técnica de Mobilização Fascial (TMF) (n=19) e placebo (PL) (n=19) sobre o SNA Cardíaco. A atividade autonômica foi monitorada indiretamente através da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e da diferença da pressão arterial (PA) com a modulação de dor condicionada durante o teste de pressão ao frio (TPF). As medidas da VFC e da resposta da PA à dor induzida pelo frio foram realizadas antes e depois da realização das intervenções. A atividade autonômica parassimpática foi verificada pela VFC através da análise da raiz quadrada média (RMSSD), do desvio padrão dos intervalos RR (SDRR), do componente de alta frequência (high frequency – HF) e a atividade simpática pela diferença da PA sistólica (PAS) e diastólica (PAD) ao TPF. A modulação condicionada de dor foi utilizada também para verificar a resposta do controle descendente inibitório da dor (CDID). Resultados: Ambos os grupos foram semelhantes para as variáveis iniciais, exceto para a PA, que apresentou valores mais altos
no grupo TMF. A ANOVA repetida e bidirecional revelou que o TMM induziu melhora imediata na resposta parassimpática provocada pela HF (nu) em comparação ao PL [diferença média = 9,8, (intervalo de confiança de 95% 0,7 a 19,0), p = 0,033] ou TMF [diferença média = 8,2, (intervalo de confiança de 95% de 0,4 a 16,1), p = 0,039]. A ANCOVA unidirecional mostrou um efeito significativo da intervenção para RMSSD (P = 0,028), HF (ms2) (P = 0,013) e HF (nu) (P = 0,019), após o controle da pressão arterial basal. Não houve diferenças significativas nas respostas simpáticas entre os três tratamentos. Do total de participantes, 14 (25%) apresentaram falha do CDID. Este grupo de participantes apresentou menores valores para as variáveis RMSSD (p = 0,02), SDRR (p = 0,009), LF (ms2) (p = 0,004), HF (ms2) (p = 0,027) e potência total (p = 0,002) da VFC com resultados significantes estatisticamente. Não houve diferença estatisticamente significante nas demais variáveis da VFC (HF) (n.u.), LF (n.u.), LF / HF e da pressão arterial no CPT. Conclusão: Em pacientes com dor musculoesquelética, a terapia manipulativa manual na coluna torácica superior leva a uma melhora imediata na
modulação vagal cardíaca em comparação ao placebo ou à técnica mobilização fascial. Não houve efeitos sobre a função simpática cardíaca após as três intervenções. Esses resultados apóiam a efetividade da terapia manipulativa manual na função parassimpática cardíaca na dor musculoesquelética. Pacientes com CDID comprometido apresentaram menor variabilidade da freqüência cardíaca de repouso, indicando um controle vagal cardíaco alterado. Em contraste, a resposta da pressão arterial a um estímulo simpato-excitatório foi preservada.
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