Avaliação de capacidade funcional, função muscular, função pulmonar e qualidade de vida em pacientes pós-covid-19
Palavras-chave:
COVID-19, Capacidade Funcional, Força Muscular Respiratória, Força Muscular Periférica, Qualidade de Vida, ReabilitaçãoResumo
Introdução: A doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19) integra uma das doenças causadas pelo severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2).Este faz parte de um grupo de vírus responsáveis por causar predominantemente síndromes respiratórias agudas, que podem variar de sintomas leves a condições graves, cursando com internação hospitalar, necessidade de ventilação mecânica e significativa taxa de mortalidade. As mudanças no padrão funcional pulmonar interferem na gravidade clínica da doença, colocando em risco a função dos músculos respiratórios, causando intolerância ao exercício físico e impactando diretamente na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). Importantemente, os pacientes que se recuperam da COVID-19 podem apresentar sintomas persistentes e debilitantes que ainda estão presentes pelo menos 12 semanas após a infecção inicial, configurando a chamada síndrome pós-COVID-19 aguda (SPC). Pacientes com SPC costumam apresentar limitações para realizar as atividades de vida diária (AVD). Considerando que a maioria das AVD é realizada em níveis submáximos de esforço, foi elaborado o teste de AVD-Glittre (TGlittre) para avaliar a capacidade funcional ao exercício. Objetivo: Este estudo verificou se o TGlittre é útil na avaliação de pacientes não-hospitalizados com sequelas decorrentes da COVID-19 e, secundariamente, se o tempo de TGlittre se associa com medidas de função pulmonar, função muscular, atividade física e QVRS. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 37 mulheres com SPC que submeteram ao TGlittre. Foram realizados testes de função pulmonar e medidas de handgrip strength (HGS) e força de quadríceps (FQ). Adicionalmente, foram submetidas ao International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), escala Post-COVID-19 Functional Status (PCFS) e questionário Short Form-36 (SF-36). A média do valor do tempo de TGlittre foi de 4,8 ± 1,1 min, que foi 163,7 ± 39,7 % do previsto. O tempo de TGlittre correlacionou negativamente com pressão inspiratória máxima (r = -0,391, P = 0,015), FQ (r = -0,591, P = 0,0001) e HGS (r = -0,453, P = 0,005). Houve correlação negativa do tempo de TGlittre com capacidade vital forçada-CVF (r = -0,588, P = 0,0001) e capacidade de difusão ao monóxido de carbono-DLco (r = -0,671, P < 0,0001). Adicionalmente, também observamos correlações significantes entre o tempo de TGlittre com várias dimensões do SF-36. Na análise de regressão stepwise forward, DLco, FQ e CVF explicaram 64% da variabilidade do tempo de TGlittre. Resultados: Os resultados indicam que pacientes com SPC gastam bastante tempo para realizar as multitarefas do TGlittre, havendo assim, relação do tempo de TGlittre com força muscular respiratória e periférica, função pulmonar e QVRS. Conclusão: Uma nova esfera de acompanhamento clínico desses pacientes é despertada por essa realidade pandêmica, sendo assim uma demanda crescente. Destaca-se a necessidade de compreender, com base em evidências, as alterações pós-infecção e a importância de promover o retorno à plena funcionalidade desses pacientes recuperados.
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