A pandemia por covid-19 e as modificações nos cuidados de enfermagem entre 2020 e 2021 em um município da amazônia brasileira
Palavras-chave:
Enfermagem, COVID-19, Cuidados de EnfermagemResumo
Introdução: Embora estejam diretamente envolvidos no tratamento de pacientes com COVID-19 (coronavírus disease-19), as possibilidades e limites dos profissionais de enfermagem diante da doença não estavam bem definidos. Desde o começo da pandemia os enfermeiros estão revendo procedimentos e alterando suas atribuições durante o tratamento dos pacientes com a doença. Objetivo: Este estudo objetivou analisar a variação nos cuidados de enfermagem no atendimento de pacientes com COVID-19 nos dois semestres de 2020 e posteriormente os anos de 2020 e 2021 na rede pública de saúde da municipalidade de Marabá, localizado na região sudeste do Pará. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada e descritiva, cuja abordagem baseou-se em estudo observacional retrospectivo. Foram catalogados dados das fichas médicas dos pacientes internados na rede pública de saúde do município de Marabá, na região sudeste do Pará. Primeiramente foram analisadas 499 fichas de pacientes com COVID-19 confirmados por exames laboratoriais no ano de 2020, as quais foram divididas em dois grupos: o primeiro grupo foi composto pelas fichas dos pacientes internados entre março e junho (1º semestre, n = 327) e o segundo grupo composto pelas fichas dos pacientes internados entre julho e outubro de 2020 (2º semestre, n = 172). Em um segundo momento foram catalogadas 572 fichas médicas de 2021, totalizando 1.071. Foram comparados dados de 27 prescrições de enfermagem, que foram divididos em 5 grupos de variáveis: 4 variáveis do sistema neurológico; 4 variáveis do sistema cardiovascular; 4 variáveis do sistema respiratório; 4 variáveis do sistema digestivo/urinário; e 11 variáveis do sistema musculoesquelético. Resultados: Analisando os dois semestres de 2020, observou-se que 16 cuidados de enfermagem (59,3%) foram estatisticamente maiores no 2º semestre e oito cuidados de enfermagem (29,6%) foram estatisticamente menores no 2º semestre. Além disso, três cuidados de enfermagem (11,1%) não mostraram diferenças significantes entre os dois semestres de 2020. Naquele ano, a percentagem de cuidados de enfermagem aumentou do primeiro para o segundo semestre, passando de 52,8 ± 17,6% para 62,7 ± 5,1% (P <0,001); as maiores alterações ocorreram em relação ao sistema musculoesquelético, que passou de 37,3 ± 22,9% para 53,3 ± 7,7% (P <0,001). Já o comparativo entre os anos de 2020 e 2021 observou-se que, em relação aos sistemas neurológico, cardiovascular, respiratório e digestivo/urinário, houve 14 dos 16 cuidados de enfermagem significativamente maiores em 2021 (P < 0,0001 para todos), exceto o cuidado ‘aspiração de vias aéreas superiores’ que foi significativamente menor (P <0,0001) e o cuidado ‘monitoramento de sinais vitais’ que foi executado em 100% dos participantes nos dois anos. Em relação ao sistema musculoesquelético, em 2021 houve sete cuidados significativamente maiores e quatro cuidados não mostraram diferenças significativas. Observou-se que, em 2021, os valores foram significativamente maiores que em 2020 para todos os sistemas orgânicos (P <0,0001). No total de 27 cuidados de enfermagem avaliados, o ano de 2021 apresentou percentagem de cuidados realizados pelos enfermeiros significativamente maior que o ano de 2020 (69,2% ± 9,4% versus 56,2% ± 15,3%, P <0,0001). Conclusão: Nos meses iniciais da pandemia da COVID-19, os cuidados de enfermagem foram menos intensos, o que pode ter sido uma consequência ao desconhecimento da doença. Com o passar do tempo, houve um aumento nos cuidados de enfermagem para todos os sistemas orgânicos. Isso aponta na direção de que o aprimoramento nos atendimentos de enfermagem foi fortemente influenciado conforme os conhecimentos acerca da pandemia eram adquiridos.
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