Avaliação da função dos membros superiores em nadadores através de testes funcionais e de posturografia e sua relação com disfunções musculoesqueléticas
Palavras-chave:
Reabilitação, Articulação do Ombro, Natação, Instabilidade Articular, Dor MusculoesqueléticaResumo
Introdução: A repetição de movimentos e o estresse elevado na articulação do ombro, comuns na natação desportiva, podem causar disfunções musculoesqueléticas. Sendo a avaliação da funcionalidade e do risco de disfunção parte integral do processo de reabilitação, é frequente o desenvolvimento de novos testes e ferramentas de medidas clínico-funcional. A compreensão dos mecanismos neuromusculares subjacentes ao desempenho funcional e a sua relação com as disfunções subsequentes no complexo do ombro são as temáticas abordadas pelo presente estudo. Objetivo: Avaliar o desempenho clínico-funcional e o controle da
estabilidade dos membros superiores em nadadores jovens, estabelecendo a relação entre essas variáveis e as disfunções musculoesqueléticas subsequentes no complexo do ombro. Métodos: Esta investigação compreendeu (1) um estudo transversal e (2) um estudo de coorte prospectivo. Foram avaliados 32 atletas de natação (20 do sexo feminino), com idades entre 13 e 16 anos (mín.-máx.). As avaliações consistiram na aplicação de anamnese, Escala Visual Analógica de Dor (EVA), Índice Western Ontario Shoulder Instability (WOSI) e o teste funcional Upper Quarter Y Balance Test (UQ-YBT), realizado sobre uma plataforma de força,
permitindo o registro dos deslocamentos do centro de pressão (CoP). No estudo 1, o desempenho funcional e os deslocamentos do CoP foram comparados entre os membros superiores preferido e não preferido, conforme definido pela Escala de Edimburgo. No estudo 2, o registro de dor musculoesquelética no ombro foi realizado após seis meses da avaliação, e foram analisadas as associações entre o desempenho clínico-funcional e a ocorrência de dor. Resultados: No estudo 1, o melhor desempenho no UQ-YBT foi observado na direção medial, havendo diferenças entre os membros superiores nas direções inferolateral (preferido > não
preferido) e medial (não preferido > preferido). Os deslocamentos posturais não apresentaram correspondência com o desempenho, sendo maiores na direção súperolateral, sem efeito da preferência manual. Houve correlação significativa entre
o desempenho e os deslocamentos posturais apenas na direção medial. No estudo 2, 10 nadadores relataram dor no ombro seis meses após a avaliação clínicofuncional. Esses apresentaram escores mais altos no WOSI e na EVA, sem diferenças nas variáveis antropométricas, de treinamento, desempenho funcional ou equilíbrio. A análise de regressão logística identificou o WOSI, a EVA e a idade como preditores significativos de dor subsequente. Conclusão: Em nadadores jovens, o desempenho no UQ-YBT não apresenta correspondência com as medidas posturográficas. Os deslocamentos posturais são afetados pela demanda da tarefa,
mas não pela preferência manual. As medidas de desfecho clínico-funcional, como o WOSI e a EVA, mostraram-se preditores mais importantes para dor subsequente no ombro do que testes funcionais como o UQ-YBT.
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